Prepare-se para conhecer alguma da doçaria mais deliciosa do Centro de Portugal. Um verdadeiro regalo para o paladar!

Em particular a doçaria conventual, doces intemporais com grande tradição em Portugal, que transpuseram os conventos para serem preservados e perpetuados pelas gerações vindouras até à doçaria contemporânea, onde se assumem como iguarias de consumo obrigatório, quer na doçaria do Centro, quer na de todo o país.

Por isso, venha connosco descobrir a doçaria regional típica do Centro de Portugal e deleite-se com os magníficos doces que encontramos desde o litoral até ao interior do país.

As calorias não contam nos dias felizes!

RIA DE AVEIRO

Na Ria de Aveiro, não pode deixar de saborear os deliciosos Ovos Moles de Aveiro. Este doce típico, cuja origem remonta às tradições dos conventos femininos da cidade, é um dos mais emblemáticos doces de toda a região Centro, estando no topo da doçaria conventual portuguesa, um verdadeiro símbolo da cidade de Aveiro. A massa do doce é acondicionada diretamente em barricas de madeira ou de porcelana, envolta em hóstia, em pequenas formas que nos recordam a simbologia da cidade e a ligação ao mar, como peixes, conchas ou búzios. Torne a sua experiência ainda mais inesquecível e visite a Oficina do Doce, uma das principais atrações da cidade.

Ovos Moles - Aveiro
Ovos Moles de Aveiro

A doçaria regional de Águeda está repleta de receitas, transmitidas de geração em geração. Delicie-se com a delicada textura e cobertura estaladiça dos Pasteis de Águeda confecionados à base de ovos, açúcar, manteiga e amêndoas, são uma especialidade e uma das melhores iguarias do concelho, mas também os Fuzis, os Sequilhos, o Bolo de Páscoa e o Bolo de Santa Eulália estão entre os melhores da região!

Pasteis de Águeda

Na acolhedora cidade de Ovar, localizada no litoral perto de Aveiro é famosa pelas suas belas casas cobertas de azulejos, mas também pelo Pão de Ló  incrível, que remonta ao século XVIII, que se distingue pela massa cremosa de cor amarela e fofa. Considerado um dos melhores bolos do mundo. Um doce intemporal!

Pão de Ló
Pão de Ló de Ovar

VISEU DÃO LAFÕES

Na região de Viseu Dão Lafões, deixe-se deslumbrar pela paisagem grandiosa que nos desperta os sentidos, entre aldeias que surpreendem pelo charme rural, montanhas carismáticas e atividades ao ar livre, mas é a doçaria regional (não fosse esse o tema deste artigo) que o fará realmente feliz.

Na vila de Vouzela, o imperdível Pastel de Vouzela merece ser apreciado pelo menos uma vez na vida: verá que assim que trincar a primeira camada de massa folhada muito fina, com uma saborosa camada de açúcar em pó, saberá do que falamos.

Existem várias receitas, mas diz-se que a composição original deste produto regional é secreta e apenas conhecida por quatro famílias da vila de Vouzela.

No caminho, aproveite para conhecer outras especialidades regionais, como os Pastéis de Feijão do Patronato de Mangualde, de origem conventual e constituem uma das mais antigas e tradicionais receitas da cozinha Beirã. Desde 1936 os Pastéis de Feijão são uma pérola genuína na Doçaria Nacional.

Em Castro Daire prove o Bolo Podre, um bolo de azeite, pouco doce e a sua confeção é semelhante à do pão, mas único no país.

Em Viseu, existem três opções obrigatórias: O Viriato, um bolo com formato em “V” (de Viriato-herói mítico de Viseu) é, sem dúvida, uma evidente singularidade deste produto, bem como, a massa de pão doce combinada com o recheio da mistura de ovos com coco, estas são as características que distinguem este bolo tradicional de Viseu.

As Castanhas de Ovos de Viseu, que resultam de uma mistura perfeita de ovos, açúcar e farinha, receita que terá tido origem no convento que ficava às portas da cidade e onde as freiras beneditinas terão começado a confecionar este doce. As Cavacas tradicionais da região de Viseu, doce tradicional onde domina a calda de açúcar, fabricadas com azeite e sem forma, tendo a máxima liberdade no forno, daí serem irregulares mas arredondadas, com uma textura que permite que em algumas romarias na região de Viseu serem utilizadas como recipiente para se beber vinho.

Em São Pedro do Sul, prove o Pão de ló de Milho com Molho de Limão, e em Carregal do Sal delicie-se com a Pinha d’Ouro. Confesse as calorias extras depois, é um pecado com perdão divino garantido!

Viriatos

REGIÃO DE LEIRIA

Se passar por Leiria, poderá constatar que a sua gastronomia é fortemente dominada pela doçaria e, nesse sentido, o seu doce mais representativo é, sem dúvida, as Brisas do Lis.

Numa homenagem ao rio que banha Leiria, as Brisas do Lis de consistência muito semelhante aos pudins, estes bolos cozidos em banho-maria são autênticas embaixadoras da gastronomia da cidade e da região de Leiria. São várias as histórias que se contam sobre a verdadeira origem destes bolos redondos e brilhantes: a mais consensual atribui o sucesso desta receita às monjas do Convento de Santa Ana. Gemas, água e amêndoas… não é excecional como os deliciosos doces tradicionais do Centro de Portugal conseguem ter uma composição de ingredientes tão simples?

Brisas do Lis

Reserve ainda algum espaço no estômago para provar os doces do concelho de Figueiró dos Vinhos, cujo receituário pode ter nascido nos Conventos de Nossa Senhora da Consolação e Nossa Senhora do Carmo, ricos em ovos e amêndoa, de onde se destaca o Pão de Ló e as Castanhas Doces de características muito próprias, doçaria que conserva ainda hoje as receitas originais deixadas pelas freiras que permaneceram neste concelho até ao século XIX.

Figueiró dos Vinhos _Doce
Pão de Ló e Castanhas Doces

SERRA DA ESTRELA

Passando pela região da Serra da Estrela, no Fundão poderá saborear os Esquecidos do Fundão, peculiares bolinhos, bem como o Bolo de Azeite e Folar de Cereja de Ouro do Fundão de paladar único, ambos doces típicos e de tradição quaresmal, sendo por isso uma presença obrigatória à mesa pela altura da Páscoa.

Em Trancoso, encontramos doces intemporais de grande tradição como as Sardinhas Doces, o Ouriço de Castanha, e o Bolo Negro de Loriga confecionado em Seia, ou os Doces de Amêndoa e a Flor de Escalhão de Figueira de Castelo Rodrigo fazem certamente parte dos livros de receitas das nossas avós e bisavós.

E já comeu um “Quinas”? É a designação atribuída ao pastel de castanha do Sabugal. O nome inspira-se no seu castelo, único no país que possui uma torre com cinco quinas. A origem da confeção deste delicioso pastel, foi uma forma de rentabilizar a castanha produzida localmente. Hoje é uma referência gastronómica que deve absolutamente provar!

Quinas – Pastel do Sabugal

Não é o caso do D. Sancho, o doce moderno da cidade da Guarda com nome monárquico que foi escolhido através de um questionário online; é um pastel recheado com creme de queijo Serra da Estrela, envolvido em massa folhado de centeio. Tornou-se representativo desta cidade em 2014. Não podemos deixar de referenciar as Cavacas e o Fidalgo de Cherovia, ambos da Covilhã.

Já em Pinhel, quem prova as Cavacas de Pinhel, fica fã! Um produto com ingredientes simples (ovos, açúcar, farinha), de massa seca e leve, com a forma de uma “pinha”.

pinhel cavacas
Cavacas de Pinhel

REGIÃO DE COIMBRA

Em Coimbra o Mosteiro de Santa Clara era detentor de um vasto receituário, nomeadamente de doces conventuais, mas foram os de seu nome e em forma de lua ou estrela, os Pastéis de Santa Clara, com recheio de ovos, amêndoas e chila que se tornaram os mais afamados de todos. Poderá encontrar outros exemplos de doçaria excecional como a Sopa Dourada, Manjar Branco a Charcada e a Arrufada de Coimbra.

Arrufadas de Coimbra

Um dos doces de consumo obrigatório nesta região é indubitavelmente o Pastel de Tentúgal, conhecido pela sua massa delicada e finíssima e recheio de doce de ovos, tendo origem no Convento da Nossa Senhora da Natividade pelas mãos das irmãs da Ordem Carmelita que ali viveram entre 1565 e 1898. Desde os finais do século XVI desenvolveu-se naquele convento de Tentúgal, um saber fazer que deu origem a um doce singular e tal é confirmado por inúmeros registos que se encontram em várias publicações. Todavia, as Queijadas de Pereira, delícias ancestrais, retratadas por Josefa d´Óbidos, são também recomendadas.

Pastel de Tentúgal

Fazendo um desvio até Montemor-o-Velho, não podemos esquecer o Arroz Doce, feito com o fantástico arroz carolino do Baixo Mondego.

A Figueira da Foz merece a vossa atenção durante uma paragem pela região de Coimbra, pela paisagem belíssima junto ao mar e porque é lá que originariamente são confecionadas as Brisas da Figueira.

Em Cantanhede, a especialidade regional é o Bolo de Ançã, um bolo doce de textura leve e macia com forte tradição na época de Páscoa.

Bolo de Ançã - Cantanhede
Bolo de Ançã

E porque há sempre espaço para mais um doce, sugerimos uma paragem rápida em Condeixa-a-Nova, porque é lá que é confecionado o ex-libris da gastronomia de Condeixa, a Escarpiada de Condeixa. Não se sabe quando começou a ser feita, mas suas origens podem estar ligadas à presença dos romanos em Condeixa.

Guarde algum apetite para mais duas sugestões imperdíveis, em Penacova, terra de rios e ribeiras, miradouros e penedos, de moinhos e azenhas, de vento e água. Falamos das Nevadas de Penacova, originalmente produzidas pelas freiras do Mosteiro do Lorvão, onde eram denominados de “Palermos Cobertos”, um bolo redondo que faz lembrar um queque e é coberto por uma fina camada de açúcar muito branco, e por fim os Pastéis de Lorvão, confecionado à base de gemas e amêndoa moída.

MÉDIO TEJO

Ao passar por Abrantes prove a famosa Palha de Abrantes, também conhecida por “ouriço”, trata-se de um doce de ovos com fios de ovos coberto com muitos fios de ovos queimados e estaladiços – que fazem lembrar os espinhos dos ouriços -, servido em forma de bolinha sobre obreia, em formas de papel frisado. Ainda em Abrantes, não se esqueça de experimentar as célebres Tigeladas de Abrantes.

Palha de Abrantes

Aconselhamos que faça um desvio em nome da investigação gastronómica: experimente os Cartuchos de Amêndoa de Cernache do Bonjardim, na Sertã, não coloque de parte em Torres Novas, o Figo Seco, o Bolo de Cabeça.

Em Tomar delicie-se com o Beija-me Depressa, doce criado em 1960, quando a casa tomarense “Estrelas de Tomar” começou o seu legado, um bolo de doce de ovos conventual coberto com açúcar de pasteleiro

O Café Paraíso e os “Beija-me depressa”

Antes de avançarmos para outras paragens, fique a saber que os Carmelitos de Fátima fazem parte dos produtos que integram a Rota Carmelita, um caminho de Fátima entre Coimbra e o Santuário, e são uma deliciosa alternativa ao farnel dos peregrinos que caminham estes trilhos, tal como o Pão de Bolota.

BEIRA BAIXA

A  Beira Baixa, também não desilude. O doce mais típico de Proença-a-Nova, a afamada Tigelada, fará valer a pena os quilómetros de estrada. Noutros tempos, era apenas confecionada em dias de festa. Feita a partir de ovos, leite de cabra e mel, chama-se Tigelada devido ao caçoilo de barro, o recipiente alto onde se colocam lentamente os ingredientes, utilizado para cozinhar esta iguaria nos tradicionais fornos a lenha.

Tigelada Proença-a-Nova

Se planear uma visita à Aldeia Histórica de Idanha-a-Velha, valerá a pena provar os famosos Borrachões, uma das mais antigas e irresistíveis iguarias do concelho.

A Beira Baixa é uma região repleta de receitas tradicionais, é o caso das Papas de Carolo, uma sobremesa tipicamente beirã, confecionada à base de milho, do Bolo Finto, um doce tradicional dos casamentos, assim como da altura da Páscoa e de Todos-os-Santos, dos Borrachinhos, das Broas de Mel, dos Esquecidos e dos Nogados de Vila Velha de Rodão.

OESTE

O Oeste uma região de fazer crescer água na boca, a experiencia culinária inicia em Alcobaça, cidade dos doces conventuais, herança da Ordem de Cister. Reza a lenda que, nos conventos, as hóstias e o engomar dos hábitos eram feitos com clara do ovo. Assim, para não haver desperdício, monges e monjas acabaram por criar doces à base de gema e açúcar.

Nesse sentido, são muitos os legados de Alcobaça na doçaria conventual portuguesa. Tantos que a “Mostra Internacional de doces e Licores Conventuais” é sediada na cidade. Em qualquer altura do ano prove as Cornucópias de Alcobaça, um doce que não deixa os apreciadores de doces de ovos indiferente, com base crocante que faz toda a diferença neste doce. Destaque também para o Pudim de Ovos dos Frades Convento de Alcobaça, Queijadas do Bárrio, Gradinhas de Alcobaça, Tachinhos à Dom Abade. E porque o pão de ló é sempre sinónimo de felicidade, dedicamos estas linhas finais ao cremoso Pão de ló de Alfeizerão, que se desfaz na boca a cada garfada.

Nas Caldas da Rainha, experimente as famosas Cavacas das Caldas, doce típico da região. A história da sua confeção está ligada à freguesia de S. Gregório, o local onde nasceram as irmãs Rosalina e Gertrudes Carlota, que se viram obrigadas a abandonar o cargo de doceiras da Corte logo após o assassinato do Rei D. Carlos. Assim, estas doceiras voltaram à sua terra natal e começaram a vender estes doces na cidade e, desde então, tornaram-se a imagem das Caldas da Rainha.

Em Peniche delicie-se com os Amigos de Peniche, uma iguaria que pode parecer uma homenagem àqueles que vieram de fora para libertar Portugal da ocupação Espanhola e que desembarcaram em Peniche para nos ajudar mas que, no fundo, é apenas uma partida da História. O que não é uma partida é o sabor da amêndoa neste doce – não o vão deixar indiferente. O que também não o vai deixar indiferente, são os Esses de Peniche, uns biscoitos húmidos de amêndoa, que se desfazem lentamente na boca, bem como, a Renda Doce de Peniche e os Pastéis de Peniche.

Não ficamos por aqui – avisámos antecipadamente que esta é uma região que faz crescer água na boca. Anote: os saborosos Pastéis de Feijão de Torres Vedras com maravilhoso aroma a amêndoa.

Pastéis de Feijão – Torres Vedras

No Centro de Portugal, receitas tradicionais são reinventadas para fazer as delícias das novas gerações, desde biscoitos a compotas.

Uma viagem pelo Centro de Portugal é, assim, a desculpa perfeita para saborear os doces tão típicos do nosso país e que prometem levá-lo ao céu.


Venha prová-los!

………………………………………………………………………………….

Informação em constante atualização.
Tem alguma sugestão para melhorar este conteúdo?
Partilha-a(s) connosco: comunicacao@turismodocentro.pt