Confrontados com os últimos dados, em particular do barómetro da AHRESP e, fruto dos muitos contatos diretos com empresas e empresários do Centro de Portugal, os próximos 5 meses constituirão a “prova dos nove” da capacidade de resiliência e, em muitos casos, de sobrevivência das nossas empresas do alojamento turístico e da restauração e bebidas em Portugal.

No alojamento, cerca de 49% das empresas registaram uma quebra superior a 90% de faturação em Novembro face ao mês homólogo; para os próximos meses, em particular Dezembro a Fevereiro, cerca de 64% das empresas estimam uma quebra de faturação acima de 76% comparando com o período homólogo.

Mais de 25% das empresas não conseguiu pagar salários em Novembro e, 9% apenas pagou uma parte. Cerca de 26% das empresas tiveram que recorrer a financiamento para conseguir pagar salários durante o mesmo mês e, desde o inicio do estado de emergência, 28% das empresas efetuaram despedimentos. Destas, mais de 33% reduziram o quadro de pessoal entre 25% e 50% e cerca de 27% reduziram mais de 50% dos seus postos de trabalho. Mais de 14% das empresas assume que não vai conseguir manter todos os postos de trabalho até ao final do ano.

Em Novembro, cerca de 39% das empresas não registou qualquer ocupação e, mais de 32% indicou uma ocupação até 10%. Mais de 47% indicou que a taxa de ocupação de Novembro registou uma quebra superior a 90% face ao período homólogo, em 2019.

Na restauração, cerca de 56% das empresas de restauração registaram uma quebra superior a 60% da faturação de Novembro face ao período homólogo e, para os próximos 3 meses, Dezembro a Fevereiro, mais de 61% das empresas estimam uma quebra de faturação acima de 50% comparado com o período homólogo.

É uma situação dramática e em muitos casos, de autêntico desespero que grassa nas nossas empresas e empresários e que, em muitos casos, justificou medidas e comportamentos de quem está à beira de perder tudo.

O recente anúncio dos 22 mil M€ de apoios pelo governo, dos quais 2 790 M€ a fundo perdido, abrem aqui uma janela de esperança pelo menos, até á expectável “nova normalidade” conquistada com o período de vacinação e, consequente, ganho de confiança no nosso e nos principais mercados emissores.

Distribuídos por cinco áreas de intervenção: apoio ao emprego, alargamento do Apoiar, apoio ao pagamento de rendas, fiscalidade e financiamento, com 7 200 M€, dos quais 1 400 M€ a fundo perdido, parecem vir responder aos anseios que, pelo menos as associações representativas do sector reclamavam.

O grande desafio é, agora, fazer chegar a tempo as ajudas à economia real e que as “cargas da burocracia” e os clássicos “mangas de alpaca” não entupam os circuitos, antes pelo contrário, desejavelmente, os tornem mais céleres.

Até porque, o oxigénio destas micro e pequenas empresas está praticamente no fim.

Se, e só se, formos capazes de implementar um verdadeiro e rápido plano de vacinação nacional, que proteja vidas e reconquista a confiança dos mercados, num perímetro essencialmente europeu capaz de devolver a partir da próxima páscoa de 21 alguns fluxos, estas ajudas produzirão os seus efeitos, salvando empresas, empregos e prestadores de serviços, para aqueles que, temos a certeza, voltarão a escolher Portugal como destino de eleição.

E para esses, precisamos de ter os nossos restaurantes, os nossos hotéis e toda a cadeia apta para os receber.

In Publituris.