É uma das doze Aldeias Históricas e já foi apelidada de “aldeia mais portuguesa de Portugal”, recebendo o Galo de Prata que se encontra no alto da sua torre sineira, a Torre de Lucano. Uma longa história, a deste “Monte Santo” que fica no topo de uma elevação com 758 m de altitude, na Beira Baixa Interior.
Por aqui passaram romanos, visigodos, árabes, aos quais D. Afonso Henriques tomou a povoação e a entregou aos Templários, que no ponto mais alto construíram uma cerca com uma torre de menagem e o Castelo, para aumentar as defesas do local, classificado de Monumento Nacional em 1948 por corresponder a um exemplar de arquitetura militar do período medieval, juntamente com as suas Muralhas.
Outros lugares merecem destaque nesta aldeia onde viveu Fernando Namora e outros ilustres. Casas que se confundem com os pedregulhos, a Igreja da Misericórdia e a Igreja Matriz, dedicada a São Salvador com altares em talha dourada dos séculos XVII-XVIII, o Solar do Marquês da Graciosa, onde se encontra o posto de turismo, entre estradas de pedra iluminadas pelos tradicionais candeeiros de rua.
Entre as casas, há as pedras que se confundem com elas e esta é uma das maiores atrações para os visitantes que observam encantados.
A população dedicou-se, em tempos, ao comércio, às searas e pastos, com o azeite a destacar-se das demais produções. Em relação às artes, o artesanato local inclui latoaria, instrumentos musicais, adufeiras e marafonas da sorte.
Ainda hoje existem feiras, romarias e o mercado, que dinamizam a aldeia em diferentes épocas do ano e, se quiser conhecer as aldeias a pé, siga a indicações dos percursos pedestres e entregue-se às paisagens, à fauna e flora, passando pelos sabores, dos quais se destacam os pratos de caça.
Visitar a aldeia de Monsanto
Quando Visitar
Pode visitar Monsanto ao longo de todo o ano, até porque cada estação revela uma face diferente desta aldeia beirã, a escolha da melhor altura para visitar Monsanto depende muito dos seus interesses.
A primavera e o outono são as estações perfeitas para aliar atividades na natureza, como sejam caminhadas ou BTT, com uma estadia revigorante na aldeia.
Em maio não perca a Festa da Divina Santa Cruz, em memória da sobrevivência dos monsantinos ao cerco inimigo. A festa religiosa tem lugar a 3 de Maio ou no domingo seguinte. À celebração religiosa juntam-se sons, cores e sabores da festa popular. Cortejos, ranchos, adufes e muita música animam esta festa templária com direito a feira medieval. Divirta-se com as encenações de época e passeie por entre as bancas com produtos e artesanato local, do qual se destacam as marafonas, bonecas de pano típicas de Monsanto, associadas à fertilidade e à proteção do lar.
No verão o calor aperta, mas a aldeia enche-se de vida, fruto das coloridas festas populares. E, por perto, há sempre uma praia fluvial para se refrescar. Bem perto de Monsanto pode encontrar duas excelentes opções: a Praia Fluvial de Penha Garcia (também conhecida como Praia Fluvial do Pego) ou a Praia Fluvial da Barragem Marechal Carmona, em Idanha-a-Nova. E se a sua visita for em julho, pode ainda apanhar as vibes musicais do Boom Festival.
Já no inverno, Monsanto envolve-se de todo um charme místico. O nevoeiro frequente confere-lhe uma áurea de misticismo. E sabe tão bem o aconchego da lareira depois de um dia bem passado a desvendar os seus segredos.
O Que Visitar
Visitar Monsanto é uma opção ideal para fazer uma pausa da azáfama citadina. Perca-se nas ruelas, vielas e quelhas desta aldeia milenar onde ainda se escuta o silêncio.
O casario pitoresco, as calçadas puídas ou o castelo templário medieval, silenciosa testemunha de batalhas épicas. Imagine as misteriosas lendas, observe as tradições seculares, as artes e ofícios de outros tempos. Siga as pegadas dos nossos egrégios avós, envolto pelas maravilhas naturais beirãs.
Para tirar o melhor partido da experiência, deixe o carro no Miradouro da Praça dos Canhões. Ainda nem entrou na aldeia e já pode observar a magnífica paisagem beirã em que a Aldeia Histórica de Portugal se insere. Prepare-se para descobrir recantos encantadores por entre íngremes ruelas, casas singelas ao lado de palacetes brasonados, portais manuelinos e arcos ogivais.
A aldeia de Monsanto está empoleirada num cabeço que se impõe ao olhar na maior parte dos horizontes (Mons Sanctus), uma “ilha” de gigantes de granito que aflorou na planície que marca a geografia da região. Ao visitar Monsanto saiba que a aldeia se divide em duas zonas distintas. A zona mais baixa, onde fica o casario, e a zona alta, onde está o Castelo construído pelos Templários.
Subimos à Igreja Matriz onde se destacam o pórtico românico e a rosácea da fachada principal e elementos manuelinos nas fachadas laterais. No interior evidenciam-se os retábulos e altar em talha. Aqui acorrem os devotos em setembro, por ocasião da romaria a Nossa Senhora da Azenha.
Ao redor da igreja dedicada a São Salvador, padroeiro de Monsanto, somam-se outros patrimónios dignos de destaque: o Cruzeiro de São Salvador, o Chafariz da Fonte Nova, a Antiga Adega e a Pousada de Monsanto.
Avance para o Largo da Misericórdia, também chamado de Largo do Pelourinho, onde vai encontrar o Pelourinho de Monsanto , bem perto da antiga Capela da Senhora do Socorro. Já se vislumbra a Igreja da Misericórdia, de origem românica, e a Torre do Lucano ou Torre do Relógio , encimada por uma réplica do Galo de Prata, que simboliza o prémio recebido em 1938 da “Aldeia mais Portuguesa de Portugal”. Nas costas da torre, seguindo pelas Ruas do Relógio e de Santo António e acompanhando as Cruzes dos Passos, damos com a Capela de Santo António, ao lado do cemitério, e com as Portas de Santo António, a entrada oeste da povoação desde os tempos medievais.
À porta do Café Monsantino resistem os Bancos da Paciência e por perto o consultório onde Fernando Namora exerceu a profissão de médico aquando da sua passagem pela aldeia. Aliás foi Monsanto que inspirou a sua obra “Retalhos da Vida de um Médico”.
Poderá encontrar a casa onde Fernando Namora habitou rumando a leste, pela rua de seu nome, à qual se somam outros pontos de interesse: o Chafariz do Meio, a singela Capela do Espírito Santo, renascentista, adossada a uma das portas da povoação designada por Porta do Espírito Santo ou São Sebastião
Subindo a rua do castelo encontramos muitas das castiças e fotogénicas casas entre penedos de Monsanto, a par de mais uma série das particularidades desta aldeia tão sui generis.
Para além de algumas das icónicas “casas duma só telha“, em que um único barroco de granito serve de telhado, estão o forno comunitário, a Gruta de Monsanto, a referência gastronómica de Monsanto que é o restaurante Petiscos & Granitos com as suas salas entre penedos, e o miradouro. Rua acima descobrirá ainda as castiças furdas ou pocilgas, pequenos cortelhos para cevar o porco, ou seja, engordar bem o porco para produzir os muito apreciados enchidos da aldeia.
Para visitar a parte alta de Monsanto não se livra de uma caminhada empinada pela Rota dos Barrocais (PR5). O bom é que pelo caminho pode desfrutar das fantásticas vistas com que o Penedo do Pé Calvo brinda os corajosos. A difícil subida até ao Castelo dos Templários é largamente compensada por um dos mais deslumbrantes miradouros da região, sem exageros.
Uma vez na parte alta, e atravessando a Porta da Traição, não deixe de subir e passear pelas muralhas do Castelo de Monsanto dentro das quais estão as ruínas da Torre de Menagem, da Capela de Santa Maria do Castelo, e a imprescindível Cisterna.
Deste miradouro altivo, aos 758 metros, as paisagens são um deslumbre: o casario singular aninhado numa encosta plantada de barrocos de granito, a planície beirã até Espanha, as serras, do Parque Natural da Serra da Estrela, da Serra da Gardunha e da Reserva Natural da Serra da Malcata.
Seguindo o trilho pedestre, desvendamos mais alguns dos segredos misteriosos que só são possíveis ao visitar Monsanto e o seu castelo. No exterior das muralhas a norte, estão os vestígios da antiga povoação medieval de São Miguel, vigiada pelas ruínas da Torre do Pião.
Sobressaem as ruínas da Capela de São Miguel, ao redor da qual ainda se encontram sepulturas antropomórficas esculpidas na rocha e a curiosa formação rochosa da Laje das Treze Tigelas, cujas cavidades circulares deram azo a mitos e lendas.
Por um lado, a laje foi associada a um culto ancestral, por outro, atribuíram as “tigelas” à boa ação duma senhora nobre que aqui servia sopa aos pobres – daí também a designação de Tigelinhas da Fidalga.
Continuando a sua visita a Monsanto, pode fazer um pequeno desvio que lhe vai revelar as ruínas da Capela de São João, da qual só resta um arco. De seguida, desça para norte, acompanhando os vestígios de linhas secundárias de muralhas defensivas, em direção aos vários conjuntos de Penedos Juntos. Atreve-se a passar nas fisgas que os entremeiam? Vá sem medos. Há milhões de anos que nada os abala. Não se esqueça de respirar esta paisagem natural de soberba beleza.
Quando visitar Monsanto, há ainda dois lugares que merecem destaque pela forte ligação que têm às origens da aldeia. Há vestígios que provam a ocupação humana desde o paleolítico.
Vestígios arqueológicos dão conta de um castro lusitano e da ocupação romana no denominado Campo de S. Lourenço, no sopé do monte. Vestígios da permanência visigótica e árabe foram também encontrados.
Nesta terra mística proliferam as lendas e uma delas prende-se com a Capela de S. Pedro de Vir-à-Corça, situada na base do monte nos arredores da povoação, entre os lugares de Eugénia e Carroqueiro. Apresenta o estilo românico de origem e data provavelmente do século XIII. Reza a lenda que aqui habitava um monge eremita que um dia se viu, literalmente, a braços com um bebé abandonado. O seu pedido desesperado de ajuda foi escutado ao surgir uma corça que amamentou o recém-nascido.
Se é amante de caminhadas ou BTT, redescubra Monsanto a pé ou de bicicleta, através dos extraordinários trilhos e caminhos da GR22 – Grande Rota das Aldeias Históricas de Portugal que liga as 12 Aldeias Históricas de Portugal por etapas, num percurso circular de cerca de 600 quilómetros.
Faça uma paragem para conhecer a gastronomia sustentável e inspirada em receitas milenares na Casa da Velha Fonte na Casa da Amoreira e instale-se no Monsanto Geo-Hotel Escola, com vista para a Aldeia Histórica.
Estas são apenas algumas das características que justificam a escolha de Monsanto como um dos locais escolhidos para gravar a série “House of the Dragon”, lançada em 2022 pela HBO. Trata-se da prequela d´“A Guerra dos Tronos” (uma das produções internacionais de maior sucesso de sempre), baseada no livro “Sangue & Fogo” de George R. R. Martin. Não há como não ficar rendido a aldeia mística, com cenários naturais ímpares, preservados no tempo, paisagens arrebatadoras e casas construída nas pedras, que se confundem com elas.
Um lugar de autenticidade, e uma das paisagens naturais e humanas mais marcantes.
Não perca a oportunidade de visitar a “Aldeia mais portuguesa de Portugal”.