É verdade que para chegar a algumas destas Aldeias Históricas, as estradas são sinuosas, têm curvas e contracurvas, mas dão ainda mais verdade a esta viagem.
As doze Aldeias Históricas encontram-se no Centro de Portugal, plenas de histórias e conquistas, são todas diferentes, todas encantadoras, cada uma à sua maneira, com as suas tradições e encantos. Parecem ter sido construídas pedra sobre pedra, com carinho, muito preciosismo e bom gosto.
Vamos conhecê-las?
# Almeida
Foi após a Restauração da Independência que Almeida decidiu contruir uma Praça-forte, de planta hexagonal, constituída por seis baluartes que, vista de cima, parece uma estrela. Uma verdadeira estrela pelos muitos encantos da sua paisagem, pela sua história, pelos sabores e aromas inesquecíveis e pelos mistérios que desvenda a cada visita.
Esta imponente vila fortificada pertencente ao concelho da Guarda, resiste ao tempo entre as planuras e profundezas do Vale do Côa, a 9km da fronteira com Espanha. A sua origem toponímica é árabe. A produção agrícola era rica e abastecia as tropas com trigo, batata, hortas, vinho, frutos como figos e até melancia e melão. No rio, pescava-se.
Hoje em dia, a visita ao centro histórico de Almeida faz as delícias dos interessados pela História de Portugal e pela sua História Militar. Para além de subir às praças, aos baluartes e aos revelins das muralhas, de onde poderá admirar todo o território do alto dos 760m a que se encontra e tirar impressionantes fotografias, a visita ao Museu Histórico Militar, são argumentos mais que suficientes para justificar as horas passadas dentro das muralhas.
Não perca a Recriação Histórica “Cerco de Almeida” que acontece geralmente no último fim de semana de agosto. Faça passeios de charrete ou cavalo no Picadeiro d’El Rey. Fuja ao stress do dia a dia recarregando energias nas Termas de Almeida – Fonte Santa.
Depois, saboreie pratos com tradição como o cabrito e borrego assados, pratos de caça, a burzigada, a açorda de alho e a salada de Meruges.
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Belmonte
Situada na Cova da Beira, Belmonte é a aldeia-berço de Pedro Álvares Cabral. Coroada pelo seu castelo altaneiro, foi lugar de refúgio para uma comunidade judaica que aqui se estabeleceu, cujo legado ainda hoje através do seu património que inclui uma sinagoga, uma judiaria e um museu judaico. Pelas ruas de Belmonte e nas fachadas das suas casas descubra a história dos últimos judeus secretos sefarditas e encante-se pelo local que acolhe a última comunidade Cripto-Judaica da Península Ibérica.
Suba ao centro histórico da Vila de Belmonte, com vista para a Serra da Estrela, o rio Zêzere e a Cova da Beira, onde será recebido pelo seu Castelo do século XV. Dele, resta a Torre de Menagem e um largo que permite descer por calçada romana em direção à antiga judiaria. É o ponto de partida perfeito para descobrir esta Aldeia Histórica, tão rica de influências externas.
Em frente ao Castelo, do outro lado da praça, aprecie a Igreja de Santiago que assinala a passagem de um dos caminhos portugueses até Compostela, também conhecida por albergar o Panteão dos Cabrais, família cuja história está intimamente ligada a Belmonte. Daqui pode seguir a Rota dos Museus, que o levará a muitos locais imperdíveis. Evocam a memória da comunidade sefardita que se confunde com a história de Belmonte e a cultura da região, tais como, o Museu Judaico e a Sinagoga Bet Eliahu.
Deguste ainda em Belmonte os sabores locais que vão do mel à castanha, passando por licores, biscoitos, cervejas artesanais e vinhos aqui produzidos. Poderá também aqui adquirir produtos kosher – produtos locais feitos de acordo com as regras judaicas.
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Castelo Mendo
Pela sua localização em zona fronteira, a evolução histórica de Castelo de Mendo está profundamente ligada à vocação militar de defesa e consolidação do território nacional. Supõe-se que a estrutura urbana do aglomerado date dos primeiros tempos da Monarquia. Crê-se que terá sido um castro neolítico, sobre o qual os romanos assentaram um oppidum, com três ordens de muralhas, importante na ocupação militar e administrativa. Por ali passavam também as vias romanas de ligação a Almeida e à Guarda.
Com as invasões dos bárbaros e, mais tarde, dos muçulmanos, Castelo Mendo caiu em ruínas.
E assim D. Sancho I a terá encontrado, tendo ordenado a reedificação do seu castelo e concedendo-lhe foral em 1186, com muitos privilégios. D. Sancho II mandou reforçar e ampliar muralhas, concedendo-lhe novo foral em 1239. D. Dinis, em 1285, remodelou o Castelo e ampliou de novo a cerca das muralhas; deu-lhe também Carta de Feira, a 18 de Dezembro de 1281, criando assim, talvez, a primeira feira portuguesa, para o que foram concedidos muitos privilégios.
Em 1295 D. Dinis deu de novo foral a Castelo Mendo, ampliando os privilégios já concedidos, e nomeou como Alcaide D. Mendo Mendes, na origem do seu topónimo. D. Fernando manda de novo restaurar as muralhas, já no último quartel do séc. XIV.
Esta fortificação desempenhou um papel de assinalada importância durante a época medieval (sempre que os conflitos com Castela ameaçavam a integridade do território nacional) e também no séc. XIX (Invasões Francesas e lutas liberais). Com D. Maria I foi criada, em 1782, a primeira escola oficial. Castelo Mendo foi sede de concelho até 1855, tendo passado então a integrar o concelho do Sabugal; mais tarde, em 1870, passou a pertencer ao concelho de Almeida.
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Castelo Novo
Castelo Novo, encontra-se envolta em misticismo e contemplação, numa paisagem em anfiteatro natural em plena Serra da Gardunha. Algo de fascinante envolve as suas ruas de calçada que escondem mais de 800 anos de história.
Castelo Novo foi uma das terras doadas pelos monarcas portugueses à Ordem dos Templários, mas tarde Ordem de Cristo, com o intuito de promover e assegurar a posse dos domínios conquistados aos muçulmanos no séc. XIII.
Com D. Manuel I, recebe foral. É notória a intervenção deste rei no património arquitetónico da antiga vila. A estrutura de ocupação do espaço é visivelmente medieval, sendo significativas as intervenções do período Manuelino (séc. XVI) e Barroco (séc. XVIII). Exemplo disso são o invulgar conjunto arquitetónico do Largo do Pelourinho composto pela Casa da Câmara e Cadeia e Pelourinho, da época Manuelina, e o Chafariz D. João V, do período Barroco.
Do Castelo, resta uma torre quadrangular de arquitetura militar. Entre 2002 e 2004, foram descobertos centenas de vestígios de ocupação medieval, entre a sua construção no século XII e o seu abandono por volta do século XVII. Moedas portuguesas dos reinados de D. Sancho I (1169-1210) até ao de D. João III (1521-1557), peças metálicas em ferro e em cobre, peças de cerâmica, entre outras. Todos estes achados estão em exposição no Núcleo Museológico de Castelo Novo, nas dependências da antiga Casa da Câmara, requalificada como museu histórico-arqueológico.
Quando visitar Castelo Novo, experimente o arroz tostado, os ovos verdes, pastéis de bacalhau, peixinhos da horta, abóbora frita, queijo de cabra e as Picas de S. Brás. Na doçaria, delicie-se com os pastéis de abóbora chila, tigelada e o pão-de-ló.
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Castelo Rodrigo
A Aldeia de Castelo Rodrigo que, durante mais de 600 anos, foi centro de poder local e palco de grandes acontecimentos históricos tem o encanto próprio das Aldeias Históricas de Portugal. Foi ainda ponto de passagem de peregrinos a caminho de Santiago de Compostela.
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Piódão
Disposta em anfiteatro, com aspeto de presépio, a aldeia do Piódão fica na Beira Litoral, em plena Serra do Açor. A complementaridade entre o azul das suas portas e aros das janelas com o xisto das suas fachadas, formam um cenário – arriscamos dizê-lo – único no mundo. A população que aqui vive e se instalou a partir do século XV ainda pasta os seus rebanhos, espalha os cereais no local comunitário junto da Eira.
A Eira e a vista a partir dela, a Fonte dos Algares, o forno do pão e as atividades agrícolas e de pastoreio são caraterísticas desta aldeia. Aqui ainda se produz os sabores da terra, nomeadamente o licor de castanha e a aguardente de mel. Tem de os provar e levar para casa!
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Idanha-a-Velha
A célebre cidade romana Civitas Aegitidanorum, atualmente, Idanha-a-Velha é um ponto de paragem obrigatória para os arqueólogos de todo o mundo. Onde as ruínas realçam uma cidade de fundação romana, as obras Templárias mostram a presença da Ordem de Cristo e muitos mais vestígios denotam a influência de diversas civilizações nesta aldeia da Beira Baixa. Repleta de vestígios de outros tempos, é na sua história que reside a sua identidade.
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Linhares da Beira
Um autêntico museu onde se passeia ao ar livre, Linhares da Beira permanece na memória das suas gentes como uma aldeia de um conto de fadas. Quando os Romanos conquistaram a Península Ibérica Linhares da beira continuou habitada e passou a ser atravessada por uma importante estrada sobre a calçada romana, a Via da Estrela, junto às fontes de mergulho ou pelo castelo a 800m de altitude, onde se sente a brisa do Mondego e a plenitude de estar no Parque Natural da Serra da Estrela. As suas ruas e habitações mostram sinais de ali ter existido uma comunidade de judeus, cuja judiaria terá tido a sua localização provável perto do adro da igreja.
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Marialva
Povoação de raízes profundamente antigas, foi uma importante praça militar durante o período da Idade Média. Marialva, alta e pouco acessível, apenas seria possível conquistá-la a ferro e fogo. Três capelas, a casa da judia (convertida) e a do posto de turismo, a cisterna quinhentista, duas igrejas (São Pedro e Santiago), o pelourinho, o cruzeiro, a fonte de mergulho e o solar dos marqueses de Marialva são vários motivos para gostar desta aldeia, tão medieval e a poucos minutos da cidade de Mêda.
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Monsanto
Subir a Monsanto é estar na “aldeia mais portuguesa de Portugal”. Do alto do seu castelo, o horizonte é de planura, o seu cabeço atinge 758m e as casas confundem-se com pedregulhos. É neste “Monte Santo” onde outrora viveu Fernando Namora, entre outros ilustres, que encontramos ainda vestígios de presença árabe e visigótica.
Monsanto é também conhecida pelos seus adufes e pelas marafonas. Aqui, a Igreja da Misericórdia e a de São Salvador, bem como a Torre do Relógio são paragens obrigatórias de visita.
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Sortelha
Medieval de origem, Sortelha é uma aldeia de encantar. As suas casinhas de pedra, parecendo saídas de um conto de fadas, com formações graníticas curiosas e influências manuelinas no pelourinho e em algumas janelas das casas (espreite as Casas do Escrivão, do Governador e do Juiz), fazem dela, única. Há muito para visitar nesta aldeia, há magia, tradição e vida. Há quatro portas principais. Vai entrar por qual? Porta da Vila, Porta Falsa, Porta Nova ou Porta do Castelo?
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Trancoso
Trancoso é um dos principais destinos de Turismo Cultural Judaico do nosso país e tem uma nova sinagoga num dos centros históricos com mais vestígios da presença de judeus. Espalhados pelas ruas e ruelas, são facilmente visíveis cruzes, datas e símbolos nas ombreiras das portas. As majestosas paisagens naturais são enaltecidas pela riqueza do património edificado, como o seu castelo.
Trancoso desde cedo foi palco de fortes trocas mercantis, das quais subsiste a afamada Feira de São Bartolomeu. Aqui se escreveram várias páginas da História de Portugal. Zona de montanha por excelência, há tanto para descobrir em Trancoso.
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Pelas ruas, muralhas, becos e castelos das Aldeias Históricas de Portugal sente-se a presença e o peso das memórias de outrora que marcaram a nossa História. Os amores proibidos, as batalhas vencidas, o sangue derramado e o grito silencioso de todos os que lutaram pelo território. São memórias marcadas em cada pedra da calçada, em cada ruela que atravessamos, em cada fachada que fotografamos.
Aqui fez-se História. Aqui há tradição. Aqui há sabores únicos.
Motivos mais que suficientes para visitar e voltar ao Centro de Portugal!