Ilustração: Cláudia Joaquim Art
Centro de Portugal: uma região onde proliferam exemplos de como o turismo é uma atividade inclusiva, onde ninguém é deixado para trás.
“A pandemia de Covid-19 provocou um enorme impacto social e económico, atingindo tanto as economias desenvolvidas como aquelas com mais dificuldades estruturais. Em ambos os casos, os grupos mais vulneráveis e as pessoas com menos rendimentos foram os mais atingidos. O retomar da atividade turística em todo o mundo vai constituir uma ajuda fundamental para impulsionar a recuperação económica e o crescimento. Mas é essencial que os benefícios dessa recuperação cheguem e sejam desfrutados por todos, de forma ampla e justa.
A Organização Mundial do Turismo (OMT) designou, por isso, o Dia Mundial do Turismo de 2021 como um dia centrado no Turismo para um Crescimento Inclusivo. Esta é uma oportunidade de olhar para além das simples estatísticas da atividade turística e compreender que, por detrás de cada número, existe uma pessoa. A OMT convida todos os países, associações, empresas e indivíduos a celebrarem a capacidade única que o Turismo tem de assegurar que ninguém seja deixado para trás, enquanto o mundo recomeça a abrir de novo as suas portas para quem viaja.
Ninguém pode ficar para trás, sob pena de transformar o Turismo numa indústria fria, que apenas olha para os resultados. O Turismo é muito mais do que isso. É uma das atividades mais antigas da Humanidade, que serve para enriquecer o espírito dos homens e mulheres e não apenas os balanços financeiros de alguns. O Turismo abre o mundo e, com isso, interliga culturas e favorece a tolerância. É um veículo de prosperidade, que, bem utilizado, protege o nosso planeta.
Acresce que o Turismo – e em Portugal esta faceta é muito visível – constitui, para muitas áreas mais desfavorecidas, a principal fonte de rendimentos e de criação de empregos, em especial emprego feminino e jovem. Em todo o mundo, milhões de pessoas dependem da atividade turística para terem o que comer e vestir. Pessoas que, de outra forma, seriam obrigadas a abandonar as aldeias onde nasceram e a engrossar as fileiras das grandes metrópoles, dispõem, graças ao turismo, da possibilidade de se fixarem nas terras onde são mais felizes, encontrando neste setor uma ocupação digna e a oportunidade de uma vida melhor.
A pandemia constitui um sério revés para estas pessoas. Em todo o mundo, cerca de 120 milhões de empregos estão em risco devido à Covid-19, que se estima que pode levar à perda de 1,5 a 2,8 por cento do PIB global. Esta perda afetará, em especial, os países mais vulneráveis, que dependem mais do turismo.
É, pois, altura de sermos solidários e de pensarmos que nem todos vão sair desta pandemia tão fortes como desejaríamos. Aproveitemos o mote do Dia Mundial do Turismo e façamos a nossa parte para que o Crescimento seja verdadeiramente Inclusivo.”
Pedro Machado, presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal
Centro de Portugal: uma região onde ninguém é “deixado para trás”
A Turismo Centro de Portugal foi procurar conhecer alguns exemplos de inclusão do setor turístico no Centro de Portugal. Conheça aqui alguns dos que destacamos, quer pelo seu impacto e pela sua representatividade.
Projeto “Queijeiras”: uma iniciativa de valorização e inclusão feminina rural
Com o objetivo de dar visibilidade a todas as mulheres que se dedicam à produção de queijo, dando-lhes ferramentas profissionais para o seu empoderamento a nível profissional mas também pessoal, o projeto Queijeiras é uma iniciativa de valorização e inclusão feminina rural. Pretende, assim, promover um curso de formação focado na consciencialização do seu valor pessoal e profissional.
Este projeto, que nasceu em 2020, é um dos mais inovadores da ADIRAM – Associação para o Desenvolvimento Integrado da Rede das Aldeias de Montanha. O contacto com as populações das aldeias de montanha mostrou que muitas mulheres que fazem o queijo tradicional da região da Serra da Estrela, estendendo-se à Serra da Gardunha, são ainda pouco reconhecidas pelo seu trabalho e dedicação. São mulheres, mães, empreendedoras rurais, gestoras de negócios familiares, sempre lutadoras e detentoras de um conhecimento ancestral único – o segredo da produção dos queijos desta região.
“Qualquer pessoa pode ajudar a financiar este projeto através da aquisição de um livro, “As Guardiães da Montanha”, focado nos testemunhos e histórias destas mulheres, que importa preservar para as gerações futuras. Outra forma de contribuir para este projeto é através da aquisição de uma capa de Burel, especialmente desenhada pela designer Sandra Pinho (de forma pro-bono) para este projeto e produzida em Manteigas na Burel Factory, a maior empresa nacional responsável pela revitalização da indústria dos lanifícios da região. Esta capa lindíssima homenageia estas mulheres, utilizando um material nobre 100% natural – o Burel, contribuindo fortemente para a economia local.”
Esta capa lindíssima homenageia estas mulheres, utilizando um material nobre 100% natural – o Burel, contribuindo fortemente para a economia local. Neste momento mais de 30 queijeiras da região da Serra da Estrela já aderiram ao projeto “Queijeiras”, afirmando a sua vontade de se tornarem verdadeiras embaixadoras do território.
Parque Biológico da Serra da Lousã
O Parque Biológico da Serra da Lousã é a maior amostra da fauna e flora autóctone e de agro-pastorícia tradicional portuguesa. Conta com mais de 300 animais divididos em mais de 60 espécies representativas da fauna existente em Portugal. No Parque Selvagem, poderão observar o lobo ibérico, urso pardo, lince, aves de rapina (irrecuperáveis para viver na Natureza) javali, cervídeos, entre muitos outros em habitats praticamente naturais.
Na Quinta Pedagógica poderão conhecer, observar e discutir as diferenças entre as várias espécies e raças autóctones da agro-pastorícia (bovinos, ovinos, suínos, equinos/asininos, galináceos e caprinos). Além da vertente animal/vegetal, no Parque Biológico existem espaços museológicos – Museu da Tanoaria, Museu Vivo de Artes e Ofícios Tradicionais e Museu Espaço da Mente.
Um dos objetivos primordiais do Parque Biológico é a empregabilidade e inclusão de pessoas especiais, vítimas de deficiência física e/ou psicológica que colaboram em todas as tarefas de maneio animal e no Museu Vivo.
Quinta da Muralha DARC
Nos arredores da cidade de Coimbra encontra-se a Associação Recreativa e Cultural Descansorgulhoso – Quinta da Muralha. Este é um bom exemplo de como os vários stakeholders do setor turístico, se estão a adaptar, progressivamente, a públicos com características especiais.
A DARC – Quinta da Muralha que começou por ser uma Academia Equestre tem vindo a diversificar as suas valências de forma a disponibilizar um conjunto de atividades. Além da equitação de lazer, disponibilizam disciplinas de equitação a Dressage, Obstáculos, a Equitação Psico-Educativa, Equitação terapeutica.
Além da área da equitação contam com um conjunto de valências direcionadas para crianças com Necessidades Educativas Especiais e as suas famílias, como Terapia da Fala, Apoio individualizado da Educação Especial, Musicoterapia e Terapia Snoezelen.
Mas o que diferencia a DARC – Quinta da Muralha de todos os outros?
Aqui os atletas são crianças, jovens e adultos com espectro do autismo, défice cognitivo ou outras patologias associadas. Apesar de todos eles seguirem um plano diferenciado, todos estão envolvidos nas aulas de equitação ao mesmo tempo. Quer nas atividades quer nos concursos, todos estão em pé de igualdade concorrendo com as mesmas regras.
Recentemente, os atletas, em diferentes escalões, participaram na Competição de Saltos Nacional – C , em Montemor-o-Velho, no passado dia 12 de setembro, prova da responsabilidade da Federação Equestre Portuguesa.
Atualmente, a Academia tem como colaboradores pessoas com esta condição a desempenhar tarefas que começam na limpeza dos estábulos e das camas dos cavalos, passando por cuidar de arreios até à alimentação dos cavalos, agregando todo o tipo de tarefas que um tratador tem de fazer para o bem estar dos animais.
Casas da Lapa
O Hotel Casas da Lapa é um bom exemplo de como o Turismo no interior pode impactar a vida das pessoas que habitam o território. Em pleno Parque Natural da Serra da Estrela, localizado na Aldeia de Montanha Lapa dos Dinheiros, esta unidade hoteleira emprega muitas senhoras da Aldeia algumas das quais em situação de Desemprego de Longa Duração.
Mas o caso mais extraordinário, que evidencia que o Turismo no interior pode mudar a vida das pessoas é o exemplo de uma das colaboradoras que, tendo frequentado uma instituição local vocacionada para o ensino especial, adquiriu competências na área da cozinha. Hoje, faz parte do staff desta unidade hoteleira onde conquistou o seu lugar como auxiliar de cozinha. Se não fosse o emprego na aldeia, dificilmente teria condições de ter um emprego que a realizasse, quer pelas questões relacionadas com o acesso a transportes públicos quer pela impossibilidade de tirar a carta de condução. Apesar das suas limitações é uma excelente colaboradora, muito empenhada, dedicada e muito orgulhosa de trabalhar nas Casas de Montanha.
Centro de Ciência Viva da Floresta – Projeto BIOAROMAS LIIS
No Centro de Ciência Viva da Floresta, em Proença-A-Nova, há um projeto onde a deficiência é vista como uma oportunidade. Aqui, foi criado o BioAromas – Laboratório de Integração e Inovação Social, um espaço onde a ciência é o motor para a integração e inovação social e onde os participantes integram a equipa do Centro de Ciência Viva da Floresta.
Este laboratório, que integra jovens/adultos com necessidades especiais a partir dos 18 anos, é uma resposta social para pessoas com grau de deficiência mental ligeiro a moderado e que moram no concelho de Proença-A-Nova.
Com este projeto, que pretendeu romper a visão tradicional existente no meio das comunidades, o Centro de Ciência Viva da Floresta desenvolveu uma ideia inovadora e inclusiva que opera uma solução com potencial de transformação social de indivíduos e põe em prática um novo modelo com margem de crescimento a uma escala superior.
Pela sua natureza, este projeto é um estímulo que ativa do ponto de vista cognitivo os cinco sentidos, tanto pela componente prática de “contacto com a terra”, semear, plantar e colher, como da aromaterapia. Este é um projeto com cariz empreendedor, inovador e inclusivo, que vê na ciência das plantas aromáticas e medicinais uma forma de ocupação e estímulo das competências funcionais e sociais, para além de todas as valências referidas anteriormente, que de forma integrada contribuem para o desenvolvimento pessoal e social dos jovens/adultos com deficiências.
Além disso, o facto de estarem num ambiente diferenciador, integrados na sociedade, num espaço onde a “Ciência é Viva”, faz deste projeto um caso único, existindo uma maior proximidade destes jovens/adultos com situações reais, e com o público que frequenta este Centro Ciência Viva (Público em geral e Público escolar) o que se vai traduzir num menor isolamento social e numa maior integração na sociedade. Respeitando assim a igualdade e a inclusão social. Os jovens/adultos a quem se destina esta candidatura vão ter um maior contacto com a ciência e com investigadores e cientistas das mais variadas áreas, o que se traduzirá num aumento da autoestima e valorização pessoal. As primeiras infusões vão ser lançadas no próximo dia 1 de outubro com a marca “ É Capaz”
Mas, um excelente caso de integração é o exemplo do Nuno:
Comunicador e Divulgador de Ciência e Monitor no Centro Ciência Viva da Floresta, desde 2007, tem concebido e dinamizado workshops, visitas guiadas e outros projetos na área da Educação Ambiental. Atualmente, a frequentar o 4o Ano da licenciatura, em engenharia de produção Animal, na ESACB, o Nuno revela um interesse particular na Gestão e Valorização de Resíduos, Compostagem Doméstica e Vermicompostagem.
Nas palavras da responsável do Centro de Ciência Viva da Floresta, a Engenheira Edite Fernandes, o Nuno encontra-se bem integrado na equipa do CCVFloresta, e têm realizado ao longo destes 14 anos um trabalho de excelência. No início do projeto existiu um período de adaptação e neste momento realiza todas as atividades que são solicitadas com muito profissionalismo. Este projeto “Centro Ciência Viva da Floresta” tem contribuído para a sua valorização pessoal e integração na sociedade.
Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro
O Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro (CIBV) é um equipamento turístico do Município da Lourinhã que tem como missão o estudo, a investigação e a divulgação do património histórico-militar da Batalha do Vimeiro. Situado no campo onde foi travada a batalha decisiva que pôs termo à Primeira Invasão Francesa de Portugal, o CIBV possui espaços com armamento, fardamento, documentação da época e peças arqueológicas únicas.
Porque o turismo é para todos e para que “ninguém fique para trás”, o CIBV, em virtude de uma candidatura à Linha de Apoio ao Turismo Acessível do Turismo de Portugal (Programa Valorizar), dispõe de recursos e equipamentos que fazem dele um equipamento turístico acessível e inclusivo: réplicas 3D, audioguias com audiodescrição em quatro línguas, conteúdos multiformato com textos em escrita simples em quatro idiomas, com Braille, relevos, Língua Gestual Portuguesa (LGP), sinais internacionais, vídeos com legendagem e LGP, piso tátil, instalações sanitárias acessíveis, elevador e um site acessível.
Para além destes recursos, as atividades da Agenda Cultural do CIBV e o Serviço Educativo são estruturadas de forma a estarem adaptadas aos diferentes tipos de públicos. Da Agenda Cultural do ano de 2020, constou uma peça de teatro intitulada “O Vimeiro na Batalha pela Inclusão”. Esta peça, organizada em parceria com o grupo de teatro local T’AMAL, pretendeu dar destaque à necessidade de a comunicação nos espaços museológicos estar adaptada aos diferentes visitantes abordando a importância da existência de conteúdos em escrita simples, em vários idiomas, Braille, LGP, entre outras situações.
A primeira personagem a entrar em cena foi o narrador que dizia: Cá estamos nós uma vez mais neste Centro de Interpretação que se dedica ao estudo e investigação da Batalha do Vimeiro e que pretende contar esta história a todos aqueles que aqui queiram vir. Já recebeu muitos visitantes, uns de Portugal, outros de além-fronteiras, uns baixinhos e outros muito altos, os especialistas na matéria e os que nem sabiam que tinha havido aqui uma batalha. Pois é, não é fácil contar a mesma história para tantos públicos tão diferentes.
Segue-se a personagem do “erudito” que conta a história de uma forma muito complexa, pelo que o narrador vai chamando ao palco outras personagens como a “pessoa que fala para o público em geral”, a “pessoa que simplifica o que diz a pessoa que fala para o público em geral”, “a professora de LGP”, “o especialista em braille”, “o poliglota”, entre outros, o que serve para mostrar as necessidades dos vários tipos de visitantes.
Para participar nesta peça foram convidados o lourinhanense Augusto Dionísio e a instituição ADAPECIL (Associação de Amor para a Educação de Cidadãos Inadaptados da Lourinhã) através da colaboradora Diana Perluxo. O Augusto é cego e interpretou a personagem do “especialista em Braille”, uma personagem divertida e descontraída que deixou o público bem-disposto. A Diana, que é surda, entrou em palco para interpretar a personagem da professora de LGP. Ambos se envolveram e se entregaram a este projeto. O Augusto e a Diana deram também o seu contributo e feedback ao nível dos conteúdos em Braille e LGP do CIBV.
No Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro, cada pessoa é tratada na sua individualidade e trabalha-se diariamente para que funcionários, visitantes e turistas se sintam sempre, não apenas integrados, mas sim incluídos, acreditando-se que este trabalho possa inspirar muitos outros e contribuir para a construção de um caminho em que “ninguém fique para trás”!
Projeto Microninho ISI – Incubadora Social de Inovação da Figueira da Foz
O Projeto de inovação social “MICRONINHO ISI – Microninho ISI – Incubadora Social de Inovação da Figueira da Foz” assume-se como incubadora social e de inovação que se destina à promoção da inclusão social e ao desenvolvimento local sustentável através da aplicação da metodologia Microninho, cuja taxa de sucesso ronda os 65%.
Pretende-se, através da criação e ativação do ecossistema de inovação social no concelho, apoiar-se de forma holística as pessoas que se encontrem numa situação potencial ou de efetiva exclusão social.
A valorização dos produtos locais e a recuperação de tradições com proveito económico constitui também a base de trabalho deste Projeto.
São destinatários deste projeto 300 agregados familiares em situação de desemprego ou com fragilidade económica e social.
Apresentamos-lhe, na primeira pessoa, a história de Liliana Simões, empreendedora social, fundadora da 1ª incubadora Social de Portugal, o Microninho.
Em 2011, quando em Portugal se fazia sentir uma crise social e económica severa, que atirou milhares de pessoas para o desemprego, incluindo eu própria, vi neste cenário uma inspiração para poder fazer alguma coisa para melhorar a vida das pessoas em situação de fragilidade socioecónomica, e da própria comunidade, para promover um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável. Inspirada pelos vários modelos de incubadoras sociais existentes noutras partes do mundo, criei um modelo inovador de incubadora social, o Microninho, na Associação de Desenvolvimento Social e Cultural dos cinco lugares, no concelho da Lousã, que foi objeto da minha tese de mestrado. Foram anos de dedicação, voluntariado, e investimento pessoal e profissional, reconhecidos ao longo do tempo pelos seus resultados e impactos. Hoje, 10 anos depois já apoiamos centenas de pessoas, chegámos aos concelhos de Lousã, Condeixa a Nova, Penela, Vila Nova de Poiares de desde 2020 estamos também na Figueira da Foz, com um scalling up do projeto, o Microninho ISI – incubadora social de Inovação .
E assim nasceram estes projetos:
Eco da Graça – Espaço de comércio e promoção de produtos locais endógenos
Pedro Maia e a Catarina Amaro são um jovem casal que rumam do norte às terras lousanenses, trazem consigo a pequena filha, e um mar de sonhos, entre eles o de poderem encontrar na Lousã uma vida mais calma, sustentável e feliz. Aqui, desempregados, mas cheios de vontade e com o apoio do Microninho, criaram o Eco da Graça, um pequeno comércio destinado a promover os produtos locais endógenos, e a ecologia, que se consubstancia no restauro de moveis antigos, de forma inovadora e criativa, já que se juntou um carpinteiro/marceneiro e uma designer. Um projeto transformador para os seus promotores e para a Lousã.
Bluemotion – Desporto e Aventura
O Ruben Martins aproveitou a época em que se encontrava desempregado, para pôr mãos à obra no seu projeto de desporto aventura, área na qual trabalhava há imensos anos, e pela qual nutre uma paixão singular. Com o apoio do Microninho, pensou, desenhou e criou o seu negócio, e está hoje ao dispor de turistas, visitantes, empresas ou qualquer grupo que o procure para melhor explorar a serra da Lousã, e as riquezas de Penela, Condeixa e muitos outros pontos de referência.
Sabor a Penela – Restaurante típico
A Isabel Vieira estava desempregada, já tinha passado os quarenta e tinha um grande sonho, poder ter o seu próprio negócio. Vinha da área da indústria farmacêutica, mas tinha muita vontade de aprender uma nova área, e foi assim que com o apoio do Microninho, utilizou o seu subsídio de desemprego para criar um restaurante típico, em Penela, utilizando os melhores produtos que se produzem neste concelho. Hoje o restaurante da Isabel abre portas todos os dias para as centenas de clientes que se podem deliciar e aproveitar o melhor desta região, num espaço moderno apelativo e confortável a que se junta a simpatia e dedicação da Isabel.
O João é um jovem com 28 anos, que tem vindo a desenvolver um projeto de empreendedorismo, para o qual se preparou como ninguém. Desempregado, com uma incapacidade física que limitava o seu acesso ao emprego, mas cheio de vontade de fazer da cozinha e da pastelaria a sua vida, fez um curso profissional na área e preparou-se para criar a sua roulotte de Wafles e crepes – doces e salgados muito especiais, uma vez que são produzidos com os produtos endógenos mais nobres da região da Lousã, o mel e a Castanha. Hoje, após mais de 4 anos em acompanhamento no Microninho, a roulotte do João já ganhou vida, e em breve estará a circular por aí, tornando o sonho do João e a sua autonomia uma realidade, ao mesmo tempo que fará as delícias dos seus clientes e valoriza o território.
Medidas de apoio à restauração
Com a pandemia por COVID-19, estima-se que, em média, 40% das empresas de restauração e similares reportaram quebras de faturação mensais homólogas acima dos 80% e cerca de metade declarou não ter capacidade para suportar os seus encargos operacionais. Também ao nível do alojamento, em média, 30% das empresas identificaram não ter tido qualquer ocupação nos seus estabelecimentos e 27% tiveram uma ocupação máxima até 10% (dados da AHRESP – Associação da hotelaria, restauração e similares de Portugal, recolhidos de março 2020 a fevereiro de 2021).
No âmbito da distinção “Região Europeia de Gastronomia 2021-2022” foram criadas medidas de apoio direto ao setor da restauração, no sentido de reduzir a curto prazo o impacto da pandemia neste setor, mas também de compatibilização entre o estímulo ao consumo e a valorização de produtos endógenos. Estiveram envolvidos neste projeto a CIM Região de Coimbra, a AHRESP, a Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra e a Turismo Centro de Portugal.
Foram aplicadas quatro medidas de apoio:
- Programa Seleção Gastronomia e Vinhos – que tinha como objetivos: dignificar e promover a Gastronomia Património Cultural de Portugal, criando uma Rede que garanta a satisfação dos seus clientes, através da adoção do receituário tradicional português; e oferecer vantagens na dinamização de um conjunto de ações ao nível da melhoria de processos, valorização dos serviços e qualificação das empresas do setor da Restauração.
- Voucher Restauração
- Passaporte Gastronómico
- Proposta de 4 menus elaborados a partir da carta Gastronómica da Região de Coimbra, no sentido da valorização e promoção do receituário tradicional, com proposta de iguarias da região e harmonização com o melhor da produção regional vitivinícola.
Na sua essência, esta foi uma forma de dar apoio financeiro direto a operadores de um setor que viu tantos empregos destruídos, complementado com uma componente de qualificação/ certificação da qualidade no sentido de reforço da sua resiliência/ adaptabilidade a situações simulares futuras.
Medidas de valorização de produtos regionais (food gifts e artesanais)
A Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra criou um marketplace para promoção e apoio ao escoamento de produtos diferenciadores regionais a nível nacional e internacional. Abriu, igualmente, uma loja de exposição de produtos regionais, para sua valorização e integração em plataforma internacional de promoção, através de projetos internacionais REG2021-2022 e Food Corridors.
No Centro de Portugal são muitos os exemplos, inspiradores, de boas práticas de inclusão, associadas ao desenvolvimento da atividade turística, e de que como podem impactar a vida das pessoas. Partilhe connosco a sua história.
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