O Pinhal de Leiria guarda nele bonitas histórias que vão para além da diversidade animal e vegetal e da beleza natural formada pelas dunas ou pela Ribeira de Moel. Também é conhecido por Pinhal do Rei ou Mata Nacional de Leiria.
Pinhal de Reis
O Pinhal de Leiria, área extensa que acompanha o litoral, expressa a inteligência do rei D. Afonso III, responsável no século XIII pela sua plantação. O objetivo era travar o avanço e a deterioração das dunas, bem como, proteger os terrenos agrícolas da sua degradação devido às areias transportadas pelo vento.
Há, no entanto, quem atribua o começo da plantação do Pinhal a D. Sancho II. Tenha sido o seu avô ou o seu pai, uma coisa é certa, D. Dinis prosseguiu ativamente com a intensificação das sementeiras de pinheiros. Entre 1279 e 1325, a extensão do Pinhal continuou a crescer, sob a sua ordem, até atingir as dimensões que hoje lhe conhecemos. Já adivinhou porque esta mancha verde é muitas vezes apelidada de “Pinhal do Rei”? Precisamente devido à importância que o rei D. Dinis, “Rei Lavrador de Portugal” teve no seu desenvolvimento, aumentando substancialmente a sua área. E por cada árvore que era cortada, uma nova era plantada, mantendo-se assim o Pinhal intacto ao longo de vários séculos*.
Mas mais do que uma indubitável importância natural e ambiental, o Pinhal de Leiria teve também um papel de destaque num dos momentos-chave portugueses: os Descobrimentos. As caravelas e as outras embarcações foram construídas usando a madeira e o pez deste pinhal. Sim, foi este famoso Pinhal aninhado junto ao mar que alimentou de madeira as naus que levaram os bravos navegadores aos caminhos das descobertas!
Ao visitar o Pinhal de Leiria pode ainda mergulhar na história passada visitando alguns fornos que tratavam a madeira utilizada nas caravelas ou usufruir de trilhos naturais por entre as imensas árvores aí presentes.
Mas antes, recordemos os vestígios arqueológicos dos altos-fornos de Pedreanes. Situam-se a 500 metros a norte do Engenho, próximo do cruzamento para Vieira de Leiria e S. Pedro de Moel. Encontram-se ali vestígios arqueológicos da antiga “Portuguese Iron & Coal Company” (Companhia de Ferro e Carvão de Portugal), grande empreendimento siderúrgico instalado no século XIX, também conhecido pela “fábrica dos ingleses”. Quase esquecida na história industrial portuguesa, esta foi durante o curto período de tempo em que laborou, uma das mais importantes empresas produtoras de ferro do séc. XIX.
Fauna, flora e lazer: um local de destaque
Rumando ao Pinhal de Leiria, passe pela antiga Estação de Comboio de Pedreanes. Pare na Fonte Felícia. Nesta zona que margina o Ribeiro de Moel, coexiste um dos maiores bosquetes mistos de caducifólias introduzido pela ação humana, onde se destaca o carvalho alvarinho pela sua abundância. Também o carrasco, existente em zonas de menor humidade, está presente nas vertentes mais elevadas. Para além destas espécies, surgem no estrato arbustivo e sub-arbustivo, a gilbardeira, o loureiro, o folhado, entre outras espécies em que dominam o feto real, o polipódio e a erva pinheirinha. Observe ainda espécies tão diversas como os dentes-de-leão, medronheiros e zimbros. Nada melhor que um vitalizador passeio por entre estas paisagens lindíssimas, marcadas por inúmeras formações dunares. É também provável que aviste a pouca distância de si, magnificas plumagens de aves como o chapim-real, o chapim-azul, a trepadeira-comum, o melro-preto, a alvéola-branca ou o pisco-de-peito-ruivo, entre outros. Esteja atento. São muitos os coelhos, ouriços, raposas ou texugos que por aqui se encontram.
Farol do Penedo da Saudade
Despois, percorrendo de carro a estrada florestal, circule em redor da Ponte Nova até ao Farol de São Pedro de Moel. Não se deixe intimidar pelas alturas. Suba à torre do Farol do Penedo da Saudade para observar tão bonita paisagem: o Oceano Atlântico, a praia de São Pedro de Moel, o Pinhal de Leiria e, mais ao fundo, a Praia da Vieira.
Mandado erigir em 1758, este é um edifício emblemático que faz parte do imaginário da população do concelho. Em 1909 iniciou-se a sua construção e em 1912 foi finalmente inaugurado. Contudo, de março de 1916 a dezembro de 1919 o farol esteve apagado devido à primeira grande guerra mundial. A sua torre de 32 metros de altura possui no seu interior uma escada em caracol com 136 degraus em pedra. A potência da lâmpada utilizada no farol, que em 1947 era de 6000 watts, foi sendo progressivamente reduzida para os atuais 1000 watts.
Por iniciativa da Direção de Faróis da Autoridade Marítima Nacional, o Farol do Penedo da Saudade, pode ser visitado gratuitamente, às quartas-feiras, entre as 14h00 e as 17h00. Fora deste período, os faróis podem ser visitados por marcação no caso de grupos organizados (escolas, entidades, etc). O período de abertura a visitas pode ser cancelado ou encurtado, sem aviso prévio, por motivos operacionais do farol, pois os faróis são equipamentos de assinalamento marítimo em funcionamento, cuja missão principal é garantir a segurança da navegação.
+ INFO
Estrada Atlântica
Deixamos-lhe nota de uma belíssima antiga estrada florestal transformada num percurso de 65 km onde o contacto com a natureza e o verde estão sempre presentes: a Estrada Atlântica. Esta via faz a ligação entre o Sítio da Nazaré e a Praia do Osso da Baleia. E é por ela que poderá também embrenhar-se no Pinhal de Leiria e descobrir alguns dos miradouros, apreciar a fauna e flora, ou simplesmente descansar num dos pontos de descanso existentes ao longo do percurso.
Pode ainda ter acesso ao longo do percurso aos parques de merendas, circuitos de manutenção, núcleos de educação ambiental, entre outros.
A pista está pavimentada com betão betuminoso pigmentado a vermelho, com 2,5 metros de largura, estando separada da via rodoviária através de um lancil na maioria da sua extensão. No restante do percurso encontra-se afastada da circulação rodoviária por uma distância superior a três metros.
Quando estiver em São Pedro de Moel, repare no conjunto escultórico composto pelas estátuas do Rei D. Dinis e da Rainha Santa Isabel. Inaugurado em 1972, é da autoria do escultor Numídio Bessone. Foi erguido na orla do famoso Pinhal à entrada de São Pedro de Moel, em evocação ao par real que o terá mandado semear no início do séc. XIV.z
Sozinho ou acompanhado, sugerimos-lhe aqui alguns percursos de bicicleta
. S. Pedro de Moel »» Estrada Atlântica »» S. Pedro de Moel
Duração: 2-3 horas
Extensão: (+ -) 7 km, em Estrada Florestal
Tipo de percurso: Circular
Dificuldade: Moderado
Início: S. Pedro de Moel
Da principal rotunda de São Pedro de Moel que exibe as estátuas do Rei D. Dinis e da Rainha Santa Isabel, parta em direção ao Parque de Campismo da Orbitur, ali mesmo ao lado, onde existe uma piscina, ideal para os dias quentes de verão. Continue até encontrar a indicação de Ponto Novo e suba até este Posto de Vigia. A vista deslumbrante compensa o esforço efetuado. Retorne ao caminho seguindo em direção ao Ribeiro. A paisagem muda de cenário. Surgem pontes, fontes e parques rodeados de frescura, como que abraçados pela linha de água.
Ao chegar novamente à rotunda, siga a direção da Praia Velha de S. Pedro de Moel, classificada de Praia Dourada. Encoste por momentos a bicicleta e ande um pouco nas passadeiras de madeira, instaladas de forma a proteger o sistema dunar.
Regresse ao mesmo caminho e siga para S. Pedro de Moel, agora pela Ciclovia que acompanha a Estrada Atlântica. Aqui a paisagem é magnífica: as arribas, o mar, a Praia Velha e mais à frente a Praia da Concha e o Farol do Penedo da Saudade, fazem as delícias de todos.
De novo em S. Pedro de Moel, acabe o passeio numa das muitas esplanadas, depois de ter visitado a Casa-Museu Afonso Lopes Vieira.
. Praia da Vieira »» Fonte da Formosa »» Praia da Vieira
Duração: 2-3 horas
Extensão: 13km
Tipo de percurso: Circular
Dificuldade: Moderada
Início: Praia da Vieira
O percurso proposto inicia-se na Praia da Vieira. Rume a Sul e siga sempre pela Ciclovia da Estrada Atlântica em direção a S. Pedro de Moel.
A sul do Rio Lis, cuja foz se situa nesta praia, surge a Mata Nacional de Leiria ou Pinhal de Leiria, dividindo-se em talhões e aceiros para melhor gestão da sua floresta. Percorra cerca de 1,7 km até ao primeiro corte à esquerda onde deve virar e embrenhar-se no Pinhal. Tome atenção ao piso dificultoso da estrada florestal. No caminho, é possível avistar do lado direito um dos Postos de Vigia da Mata, neste caso o da Crastinha, que poderá ser também um interessante local de visita. A estrada onde circula corresponde ao aceiro C, e deve segui-la sempre até encontrar a Estrada Nacional 242-1, que liga a cidade da Marinha Grande à Vieira de Leiria.
Chegando à Estrada Nacional atravesse e percorra cerca de 1km, encontrando a indicação de Fonte da Formosa. Este é um local bastante procurado devido à qualidade das nascentes de água, cuja abundância deu origem a uma vegetação exuberante e bastante diferente do resto do pinhal, onde impera o pinheiro bravo. Aqui é possível encontrar taxódios ou ciprestes calvos, coníferas caducifólias e plantas, pneumatóforos. Aproveite para fazer uma pausa.
Depois de descansar à sombra de uma destas árvores, regresse atravessando a Estrada Nacional e siga pelo mesmo aceiro até encontrar de novo a Estrada Atlântica e a Ciclovia, por onde deve circular de regresso à Praia da Vieira.
. Praia da Vieira »» Praia do Samouco »» Praia da Vieira
Duração: 2-3 horas
Extensão: 13km
Tipo de percurso: Circular
Dificuldade: Moderada
Início: Praia da Vieira
A Praia da Vieira, praia de pescadores e de boa gastronomia é também o local da foz do Rio Lis, outrora um rio com grande navegabilidade. Foi no final do século XIX que a povoação ali se fixou, em humildes construções de madeira, os típicos Palheiros, alguns construídos sobre estacas, tipo habitação palafita, pensados para prevenir o avanço das areias eólicas.
O percurso tem início na Praia da Vieira, devendo tomar a direção de S. Pedro de Moel para Sul, na rotunda principal.
A ciclovia da Estrada Atlântica acompanha o Pinhal de Leiria no sentido Norte/Sul. O visitante deve percorrer cerca de 6.5 km e, no primeiro corte à direita, seguir na direção da Praia do Samouco. Vai encontrar a indicação de Árvore Notável referente a um Samouco ou Faia das Ilhas devendo-se esta classificação ao seu porte arbóreo. O facto do nível freático se encontrar próximo da superfície, permite o aparecimento desta espécie, que por sua vez contribui para o enriquecimento dos solos onde se encontra (especialmente no que respeita à fixação do azoto).
O ponto de água existente no local serve para abastecer um reservatório destinado a apoiar o combate aos incêndios florestais.
Existe nas proximidades, uma área com cerca de 9 km2, classificada no âmbito do projeto Biótopo Corine (os Biótopos Corine são áreas de elevadíssimo interesse faunístico e florístico, inventariados como «sítios de interesse para a conservação da Natureza»).
O regresso à Praia da Vieira impõe-se pela circulação na mesma ciclovia. Aproveite para desfrutar da envolvente, num dos pontos de descanso existentes ao longo do percurso.
Museu do Vidro da Marinha Grande
Impõe-se ainda uma visita ao Museu do Vidro da Marinha Grande, cuja mostra permanente retrata os diversos tipos de fabrico de vidro. Este museu está dividido em dois espaços: o Palácio Stephens – edifício de inspiração neoclássica da segunda metade do século XVIII – dá-nos a conhecer a evolução da indústria em Portugal; e o Núcleo de Arte Contemporânea, uma moderna construção que integra a antiga Fábrica de Resinagem da Marinha Grande, onde podemos apreciar obras que representam cerca de 25 anos de expressão plástica contemporânea em Portugal e artigos de artistas internacionais. Podemos ainda visitar a oficina de produção e decoração de vidro protagonizada por artistas e artesãos da casa.
* A Mata Nacional de Leiria ocupa atualmente cerca de 11 023 hectares.
Durante vários séculos, o Pinhal de Leiria foi um dos “pulmões” de Portugal, visto que a sua extensão mantinha-se praticamente intacta mesmo com o corte de árvores. A política implementada neste pinhal era que por cada árvore cortada, uma era plantada.
Nos incêndios de outubro de 2017, segundo o ICNF, 86% da área do Pinhal de Leiria ardeu.
O novo plano de gestão para a Mata Nacional de Leiria prevê a introdução, pela primeira vez, de novas espécies de árvores. Estima-se que serão plantados, para além dos pinheiros bravos, cerca de duas centenas de hectares, num total de 9 mil hectares.
Obtenha mais informações. Descarregue a Road Trips região de Leiria.