Nos trilhos do Lince Ibérico: 3 dias de emoções

Uma espécie em vias de extinção leva-o a conhecer melhor a riqueza dos ecossistemas da região Centro.

A vila de Penamacor, na fronteira com Espanha, a Reserva Natural da Serra da Malcata e uma rota gastronómica convidam-no a três dias de emoções que tocam a história, a natureza e o paladar.

1º dia | Vila de Penamacor

Comece com uma visita que o situa na história. Está no distrito de Castelo Branco, numa vila a 700 m de altitude que o convida a subir à Torre de Menagem – o pouco que resta de um dos antigos Castelos mais poderosos das Beiras, mandado erguer pelo mestre Templário, D. Gualdim Pais.

Nesta vila, por onde também passaram os judeus, dos quais se destaca o médico e filósofo António Ribeiro Sanches, que revolucionou o ensino da medicina no país, admire a antiga Casa da Câmara, hoje Posto de Turismo, com a sua bonita porta de entrada na vila, visite a Igreja da Misericórdia com detalhes manuelinos, o Convento de Santo António e a Igreja de São Tiago, bem como o Museu Municipal com uma vasta coleção de arqueologia, arte sacra, moedas, alfaias e outros utensílios de ofícios do passado, bem como espécies embalsamadas, entre elas o lince ibérico.

Da Torre do Relógio e do Pelourinho, imagine como seria a vida aqui, no passado. E se vier no Natal, espera-o o maior Madeiro do país (uma fogueira em honra do Menino Jesus) que toma proporções enormes.

Quando lhe apetecer a praia fluvial e as atividades náuticas, a norte de Penamacor encontra Meimoa, que também abre as portas do seu agradável Museu Dr. Mário Bento, situado num lagar de azeite recuperado para lhe mostrar etnografia e arqueologia.

Um pouco fora do território, em direção à Cova da Beira, chega a Benquerença, onde é tão bom repousar junto ao moinho e fazer um piquenique sentado no relvado. Um mergulho na praia fluvial é outra opção, antes de se entregar ao descanso merecido nas Termas de Santiago, pois no dia seguinte o seu corpo precisa das energias completamente carregadas, com tanto para descobrir.

2º dia | Reserva Natural da Serra da Malcata

Criada em 1981 com vista a proteger o lince ibérico e todo o património natural envolvente, a Reserva Natural da Serra da Malcata tem um Centro de Interpretação Ambiental que promove atividades interpretativas e de proteção da natureza e acolhe em segurança a raposa, o javali, a lontra, o açor e outras espécies que circulam livremente nos 16.348 ha de mato mediterrâneo onde vive uma rica fauna e flora, percursos de água e outros recursos naturais que fixam os animais a este território.

O lince ibérico está em vias de extinção e habita em número reduzido o sistema montanhoso luso-espanhol da Meseta, representado em Portugal pelos concelhos do Sabugal e Penamacor. Essencialmente noturno, é difícil de encontrar. Mas se vir um felino de pêlo castanho-avermelhado, manchas pretas em pontos ou riscas, um colar de pêlo que se assemelha a uma barba, é ele. Alimenta-se de coelho bravo e outros vertebrados, como perdizes e roedores. Habitualmente vive dezasseis anos e Janeiro/Fevereiro são, por excelência, os meses de reprodução desta espécie, cuja gestação dura dois meses.

Para melhor conhecer o território, pode realizar um dos trilhos a pé ou de bicicleta: seja o da Capela do Espírito Santo (passando pela zona de lazer do rio Côa), o do Salgueirinho (passando próximo das antigas minas de Presa, onde os romanos chegaram a procurar ouro e pela tranquila quinta da Bazaguedinha, à beira do rio e do moinho) ou o do Sobreiral (junto à barragem da ribeira da Meimoa); apesar de existir um percurso realizável de carro. Todos são fáceis, sem pressas.

Se preferir os desportos de água, experimente um passeio de canoa pelas águas calmas que o rodeiam. Em terra, sempre ao ar livre, a orientação e BTT são outras duas opções saudáveis.

3º dia | Rota Gastronómica por Castelo Branco

Reserve para o último dia uma rota pelos sabores.

Em Penamacor, experimente as sopas de couve e batata, os pratos de feijão, o cabrito ou o borrego, o arroz com carne, as azeitonas e as sobremesas como o arroz doce ou as papas de milho.

Os queijos amarelos ou esbranquiçados, moles ou duros, picantes ou não; os azeites usados nos temperos, nos pratos e inclusive nas sobremesas; o mel de rosmaninho e multiflora; os enchidos e presuntos típicos da dieta mediterrânea, secos e maturados como tradicionalmente; e os vinhos de diferentes produtores dão mais sabor às refeições de quem aqui vive ou chega para provar.