A Nazaré é uma vila com forte tradição piscatória, onde se encontra uma das mais típicas praias da região Centro do país. A vila que atualmente conhecemos só existe desde o século XVIII, já que até essa altura, toda a zona baixa da vila estava coberta pelo mar que ali chegava. Apenas existia o Sítio onde se tem, hoje, uma magnífica vista para a praia. E o que visitar na Nazaré?

Todas as vilas piscatórias têm devoção mariana e a Nazaré não é exceção. Dos seus monumentos religiosos à sua avenida marginal, convidamo-lo a apreciar uma das mais típicas praias do centro de Portugal e os seus encantos, respirando maresia.


Nazaré

Nazaré deve o seu nome a uma lenda segundo a qual teria sido aqui encontrada, uma imagem oriunda da terra natal da Virgem. Mas já lhe contamos tudo.

O mar é muito importante para a economia e para a cultura deste povo. Na verdade, a grande essência desta vila está relacionada com a pesca, apesar de hoje em dia o turismo ser a sua atividade principal. O traje das nazarenas é outra curiosidade desta vila: elas vestem sete saias, um avental colorido e um lenço preto à volta da cabeça.

Ao longo da praia alinham-se os paneiros, onde as mulheres de traje preto vão alinhando, virando e pondo a secar, o carapau. Os pescadores cosem as suas redes, contam episódios da faina enquanto se preparam para a pesca.

Lenda de D. Fuas Roupinho – Santuário de Nossa Senhora da Nazaré

Sítio da Nazaré

O Sítio está intrinsecamente ligado à lenda de D. Fuas Roupinho, segundo a qual, o alcaide-mor de Porto de Mós, praticava o seu desporto favorito, a caça, quando de repente, viu um veado branco e lançou-se na sua perseguição. Ao chegar ao Promontório do Sítio, o veado subitamente desaparece, quando D. Fuas se apercebeu que estava prestes a cair para o mar. Desesperado, invocou de imediato a ajuda de Nossa Senhora, e logo de seguida, o cavalo estanca a sua pata traseira na rocha, salvando a vida de D. Fuas Roupinho. Em forma de agradecimento à Nossa Senhora, D. Fuas manda erigir ali uma Ermida em honra de Nossa Senhora da Nazaré, a Ermida da Memória.

Sítio da Nazaré

Ermida da Memória

É um pequeno tempo de forma quadrada, cujo telhado triangular é totalmente forrado de azulejos. No seu interior, as paredes estão igualmente revestidas de azulejos azuis e brancos do século XVIII. Nos azulejos laterais, pode-se ler e interpretar a Lenda do Milagre de Nossa Senhora da Nazaré, que ocasionou a sua fundação.

No piso inferior da Ermida, está colocada, virada para o mar que se vê a primitiva gruta onde foi encontrada a pequena estátua de Nossa Senhora da Nazaré, virada para o mar. Desça as escadinhas no interior da Ermida e comprove a vista.

Ermida da Memória

Santuário de Nossa Senhora da Nazaré

Este Santuário foi mandado construir pelo rei D. Fernando, o “Formoso”, em 1377, tendo sido reconstruído no final do século XVII, devido ao aumento do culto a Nossa Senhora da Nazaré. O seu estilo barroco manteve-se até à atualidade como se depreende pela enorme escadaria que nos transporta para a sua fachada imponente ladeada pelas suas torres sineiras que nos conduz até à galeria alpendrada na entrada do edifício, ordenada pelo rei D. Manuel.

O interior da igreja é de uma só nave, coberta por um teto de madeira, que culmina com uma grande cúpula. As suas paredes estão revestidas de azulejos azuis e brancos, do século XVIII, que retratam episódios do Antigo Testamento, assinados pelo mestre holandês Van der Kloet.

No altar-mor, encontra-se um retábulo de talha dourada, onde no trono se encontra uma escultura setecentista da Virgem com o Menino, oferecida por D. João VI. A imagem de Nossa Senhora da Nazaré está atualmente colocada num pedestal, protegido por um vidro.

Numa das laterais da nave eleva-se uma grande pintura alusiva ao Milagre do aparecimento de Nossa Senhora da Nazaré a D. Fuas Roupinho.

Santuário de Nossa Senhora da Nazaré

Museu de Arte Sacra Reitor Luis Nési

O Museu de Arte Sacra Reitor Luís Nési localiza-se numa das dependências do Santuário de Nossa Senhora da Nazaré. Aqui encontramos uma grande diversidade de peças, resultantes, na sua maioria, de ofertas votivas a Nossa Senhora da Nazaré.

Para além de uma coleção de mantos de Nossa Senhora e paramentaria, aexposião permite-nos admirar vários objetos de adorno e imagens de estatuária mais antiga, como também inúmeras alfaias litúrgicas.

Após conhecer e visitar o Santuário, aqui compreenderá a grandiosidade e importância que este espaço teve ao longo dos tempos.

Museu Etnográfico e Arqueológico Dr. Joaquim Manso

O Museu está instalado e aberto ao público desde 1976, no Sítio da Nazaré, na antiga casa de veraneio de Dr. Joaquim Manso, escritor e jornalista do “Diário de Lisboa” – doada ao estado em 1968 para esse fim, pelo benemérito nazareno Amadeus Gaudêncio.

O acervo deste Museu constitui-se através de várias aquisições arqueológicas e etnológicas de toda a região, documentando a identidade histórico-cultural da região, desde a pré-história à atualidade, englobando três temáticas fulcrais: a história e a lenda, o mar e as suas embarcações e o seu traje tradicional.

A exposição

O percurso de visita ao museu inicia-se por uma mostra de vestígios materiais dos tempos pré-históricos (paleolítico, neolítico, idade do bronze e idade do ferro), da época Romana e do período paleo-cristão. Aqui encontram-se referências à Pederneira, antiga vila medieval que, além de ter recebido o foral de D. Manuel I em 1514, foi também um importante porto e estaleiro naval, sobretudo no tempo áureo das Descobertas.

Do culto mariano, próprio dos povos piscatórios, encontram-se diversos exemplares iconográficos alusivos ao milagre que, segundo a lenda, teria salvo D. Fuas Roupinho de cair no promontório.

O Museu dedica-se ainda à temática da etnografia marítima, com um conjunto de miniaturas de embarcações tradicionais da vida náutica da Nazaré.

A última sala de exposições do Museu é dedicada ao traje tradicional da Nazaré, nos seus dois aspetos mais caraterísticos: trabalho e festa.

Forte São Miguel Arcanjo

De estilo maneirista, começou a ser construído no ano de 1577 por D. Sebastião. Em 1644, o Rei D. João IV, o Restaurador, ordenou a sua remodelação e ampliação.

Com uma localização privilegiada, atualmente é considerado o principal posto de observação das ondas gigantes na Praia do Norte, que tornaram a Nazaré numa referência do surf mundial.

O Forte consagra atualmente o Centro Interpretativo do Canhão da Nazaré, a Surfer Wall e várias conteúdos expositivos periódicos.

Forte de São Miguel Arcanjo

Praia do Norte

O mar da praia do norte, é um dos locais mais apreciados por surfistas de todo o mundo que ali ocorrem para apreciarem as gigantes ondas que se formam no conhecido “Canhão” da Nazaré, o maior desfiladeiro submerso da Europa com uma extensão de 200 quilómetros e que chega a atingir os 5000 metros de profundidade.

A sua cabeceira, que se encontra a menos de um quilómetro da costa, afeta as características da ondulação quando ela apresenta com uma incidência de oeste dando origem às enormes vagas.

Uma dessas ondas, com cerca de 30 metros de altura, surfada pelo havaiano Garrett McNamara em novembro de 2011, foi galardoada com o prémio de “Maior onda de 2011” no âmbito dos Billabong XXL Global Big Wave Awards. Em Novembro de 2017, o brasileiro Rodrigo Koxa surfou a maior onda de sempre registada na Nazaré, com 24,38 metros, detendo neste momento o recorde mundial para a maior onda surfada de sempre, um Record do Guinness.

Nazaré onda

Do alto do promontório do Sítio, podemos descer até à praia pelo Ascensor da Nazaré, um elevador mecânico que oferece uma notável viagem panorâmica. A caminho do Ascensor podemos ainda conhecer um dos recentes atrativos da Nazaré antes de descer para a Avenida Marginal.

Baloiço da Ladeira

Num dos mais emblemáticos sítios do Oeste e do País, ergue-se a nova atração turística, o Baloiço da Ladeira. Esta “janela para o paraíso” foi recentemente inaugurada e a partir dela abre-se uma vista magnífica sobre o areal da praia e da vila, desde o Sítio da Nazaré.

Baloiço da Ladeira

Avenida Marginal da Nazaré

A Nazaré é a mais típica e peculiar praia portuguesa, revestida de lendas e tradições que se descrevem na forma de vestir, na forma de agir e de falar das suas gentes, assim como nas ruas estreitas e nos bairros onde habitam os pescadores, constituindo esta tela um dos mais atrativos e pitorescos cartazes turísticos de Portugal.

As primeiras alusões à faina do mar remontam ao século XVII e ainda hoje podemos ver ao longo do vasto areal da praia da Nazaré as típicas redes de pescadores por entre algumas embarcações tradicionais que ainda testemunham o vínculo existente entre os pescadores nazarenos e o mar.

Barcos Nazaré

O traje das gentes nazarenas é extremamente original e peculiar e pode ser avistado ao longo das suas ruas.

As senhoras usam blusas de manga curta, de cores vivas e rendadas, sete saias rodadas com um avental bordado a fio de seda, um lenço, normalmente apelidado por cachené, sobre a cabeça e um chapéu preto com uma borla. Aos ombros um xaile também ele bordado e, nos seus pés desfilam as tão caraterísticas sandálias pretas de verniz.

O traje do homem, que anda geralmente descalço, destaca as ceroulas de padrão escocês apertadas nos tornozelos, calças de surrobeco (tecido grosso de cor escura), seguras pela faixa preta que enrola seis vezes à cintura. Usam ainda camisas de flanela aos quadrados e um barrete preto de lã na cabeça.

Museu Vivo do Peixe-Seco

Este passeio à beira-mar ajuda-o a conhecer a Nazaré e as suas tradições. Ao longo da marginal irá encontrar alguns barcos no areal. Junto a eles encontra-se o Museu Vivo do Peixe Seco.

A tradição de secar o peixe ao sol nasceu da necessidade de preservar algum peixe para dias de maior escassez. Hoje, poderá descobrir as memórias piscatórias em três núcleos: o estendal de secagem do peixe; o Centro Interpretativo, onde se descobrem as técnicas e as estórias; e a zona de preparação do pescado onde, ainda hoje, o peixe é preparado para o processo de secagem. Dependendo das condições climatéricas, ainda será possível encontrar peixeiras a vender peixe seco.

Museu Vivo do Peixe Seco na Nazaré

Artesanato

Também o artesanato nazareno é caraterísticos e singular, e aqui se relaciona com o mar e com as atividades piscatórias. Pelas ruas encontrará as bonecas e bonecos estidos com o traje tradicional nazareno, e são ainda frequentes as coloridas miniaturas de barquinhos de madeira, pintados à mão, com também os mais diversos objetos decorados com conchas, búzios e outros tesouros marinhos.


Descubra a Nazaré!

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