Estes dias a dois foram uma surpresa. Alegria e emoção do início ao fim. Que saudades!

Há muito que ouvíamos falar da Cascata da Cabreia, uma queda de água límpida e fresca, com mais de 25 metros de altura, inserida num fabuloso e verdejante parque de lazer com o mesmo nome. Incrível! Esta é seguramente uma das mais bonitas cascatas do país. Vale a pena, também, admirar os moinhos de água recuperados. Na aldeia mais próxima, Silva Escura, concelho de Sever do Vouga, os habitantes contaram-nos, deliciados, a lenda do Rio Bom e do Rio Mau.


Era obrigatória uma ida à cidade de Aveiro. Ali vivemos um capítulo marcante da nossa história de amor, num moliceiro de cores garridas a serpentear pelos canais da Ria de Aveiro, num passeio inesquecível.

Em Coimbra, perdemos-nos por ruas e ruelas repletas de memórias.  Demorámos-nos nas praças, palcos privilegiados da Canção de Coimbra, monumento cultural que marca o ritmo desta cidade de tamanhos encantos.

Caminhámos até à Sé Velha e recordámos, com emoção, as muitas Serenatas ouvidas em silêncio e aplaudidas sem bater palmas. Lembrámo-nos do choro da guitarra, por entre lágrimas de saudade.

Ouvimos os versos apaixonados de um estudante de capa traçada:

“À meia noite ao luar
Vai pelas ruas a cantar
O boémio sonhador”.

Cantava decidido, ainda que meio envergonhado, debaixo da janela da sua amada que, em forma de agradecimento e aprovação, acendeu e apagou três vezes a luz dos seus aposentos.

E a recatada donzela
De mansinho abre a janela
À doce canção de amor”.

Lindo de se ver!

Na Quinta das Lágrimas, de repente o passado tornou-se realidade. Pressentimos o romance e a tragédia, ali mesmo à nossa frente: a magia do primeiro olhar, e a coragem de uma paixão ardente e impossível.



No Mosteiro de Alcobaça, repousavam eles serenamente, frente a frente, até ao dia do Juízo Final, os eternos amantes de Portugal: D. Pedro I e D. Inês de Castro.

Entrámos no Santuário de Fátima, alvo e sereno, porto seguro de todos aqueles que procuram luz, paz e harmonia. Visitado por milhões, atestámos que este é um local sagrado de saudades e regressos, que oferece sempre a quietude necessária a quem percorre corajosamente os seus caminhos. Assistimos à emocionante Procissão das Velas e respirámos a fé das velas que deixavam um suave aroma de esperança e conforto.

Porque os castelos do Centro de Portugal contam histórias da nossa História, identidade e afirmação nacional, são ricos em lendas entre lusitanos e mouras, reis e rainhas, príncipes e princesas e cavaleiros templários, escolhemos visitar um dos mais emblemáticos do nosso país: o Castelo de Almourol. A sua localização é única, numa ilhota no meio do rio, onde o Tejo e o seu afluente Zêzere se cruzam, em Vila Nova da Barquinha. Para lá chegar fizémos a pequena travessia de barco. Deslumbrante!

Na Foz da Égua, concelho de Arganil, o ambiente é memorável. Casinhas em pedra, pontes perfeitas e um espelho de água compõem uma tela mágica que convida a horas de contemplação. Momentos inesquecíveis foram por nós vividos, ali na junção da Ribeira do Piódão e da Ribeira de Chãs.

A beleza e a simplicidade da Lagoa da Ervideira, no concelho de Leiria, fez-nos embarcar numa singular melancolia, um misto de emoção. Usufruímos a plenitude do silêncio deste local tranquilo, rodeado de água doce, de pinheiros bravos e mansos, e alecrim.

A cerca de 1420 metros de altitude, junto ao Maciço Central da Serra da Estrela, ficámos deslumbrados com o Covão d’Ametade, antiga lagoa glaciar. O Zêzere nasce um pouco mais acima mas é aqui que ganha forma, daí ser apelidado de “Berço do Zêzere”. Deixámos-nos levar pela inspiração que este lugar, rodeado pelos três Cântaros mais simbólicos da Serra da Estrela: o Cântaro Raso, o Cântaro Gordo e o Cântaro Magro, transmite.
A tranquilidade desafia-nos a uma pausa e a admirar este espaço coberto com vidoeiros. Acostámo-nos a um dos troncos junto às margens do rio. Dava gosto ouvir o som da água límpida a correr devagarinho.

Continuámos na Serra da Estrela, não fosse este um dos destinos de eleição para os verdadeiros apaixonados pela natureza. Seguimos por isso para o Covão dos Conchos, local que mais parece recortado de um filme de ação, um portal para outra dimensão. É um túnel com cerca de 1,5 km de extensão que conduz as águas da Ribeira das Naves até à Lagoa Comprida. A paisagem é incrível. O paraíso deve ser assim!

Viver um amor intensamente é vivê-lo com aquela pessoa especial, num lugar mágico e de outro mundo. Era, pois, obrigatório subirmos até ao ponto mais alto desta Estrela: a Torre. A 1993 metros de altitude, fomos brindados com um luminoso manto de neve. Para melhor nos agasalharmos, comprámos uma linda e aconchegante camisola de lã cardada.

Qual foi a nossa próxima paragem?
Foram muitas e inesquecíveis!

Caminhámos livremente por Aldeias Históricas, Aldeias de Montanha e Aldeias do Xisto, numa autêntica viagem através do tempo! Ouvimos fantásticas histórias de vida, provámos sublimes sabores gastronómicos, experienciámos encantadores saberes seculares e, nas Termas de São Pedro do Sul, desfrutámos de excecionais momentos de terapia e relaxamento.

É nas coisas mais simples que encontramos o caminho. E juntos caminhámos. E juntos chorámos ao som da nossa playlist.

Centro de Portugal, a alegria, a emoção e a saudade moram aqui.

Mantenha o Espírito.
O Centro de Portugal continua aqui, à sua espera!