O Centro de Portugal convida-o a conhecer histórias, memórias e aventuras de saberes seculares. Histórias de pessoas e de comunidades, algumas das quais, em épocas de grande adversidade e sem recursos, conseguiram superar-se, tornando-se fonte de inspiração para as gerações seguintes!

Conheça o inglês que transformou o vidro da Marinha Grande num caso de sucesso mundial   

Existem figuras ímpares que marcam para sempre a história de um destino. 

A história inspiradora de Guilherme Stephens na liderança da Real Fábrica dos Vidros na Marinha Grande, no século XVIII, marcou para sempre aquela que seria a História da indústria do vidro em Portugal.

Daria, provavelmente, para fazer um enredo cinematográfico. É a história de um rapaz inglês que viaja num veleiro, da Cornualha (Inglaterra) com destino a Lisboa, em 1746, com apenas quinze anos. Com várias peripécias ao longo da vida, transformou o vidro da Marinha Grande num caso de sucesso mundial e ainda hoje é uma referência na cidade.

Com grande influência junto da Corte, foi por ordem expressa do Rei D. José I que o Marquês de Pombal convidou Guilherme Stephens a reconstruir “uma fábrica de vidro em decadência perto do Pinhal do Rei, na Marinha Grande”. Detentor de um conceito empresarial inovador, o inglês aceita a missão e a 16 de outubro de 1769, começa a laborar a Real Fábrica dos Vidros. Este foi o início de um caminho de progresso que continua na atualidade. Conhecido como o pai da Marinha Grande, Guilherme Stephens investiu também na promoção do ensino da música, do teatro e de outras artes, deixando um património arquitetónico que, ainda hoje, é possível admirar. 

Em pleno centro da cidade, entre os espaços pertencentes ao conjunto edificado da antiga fábrica, encontramos os locais de acesso à cultura, educação, conhecimento e lazer. Desde o Teatro Stephens, passando pela Biblioteca Municipal e a Escola Profissional e Artística da Marinha Grande (que promove a formação na área do vidro) até espaços de lazer. Mas é no emblemático Palacete de três pisos, edifício de inspiração neoclássica, e que foi residência oficial de Guilherme Stephens, que funciona o exuberante Museu do Vidro. Além de ser um dos locais mais visitados da cidade é, sobretudo, a memória viva do passado, presente e futuro. Trata-se de um espaço dotado de inúmeros recursos visuais e com demonstrações ao vivo que ajudam a compreender todo o processo de criação de uma peça em vidro. Aqui vai aprender o que faz um mestre vidreiro Mestre Vidreiro – Alfredo Poeiras,  um maçariqueiro Maçariqueiro – Adriano Mesquita ou um lapidário Lapidário José Medeiros.

Na cidade ainda encontra espaços para visitar, com artesãos que dominam a arte de soprar o vidro, a trabalhar ao vivo e onde pode comprar peças decorativas ou utilitárias, em vidro.

Faça uma viagem pela Rota do Turismo Industrial

Para tornar Portugal menos dependente das importações, o Marquês de Pombal promoveu a introdução e o desenvolvimento de novas manufaturas, que beneficiaram de isenções tributárias e conduziram ao incremento da produção nacional. 

No Centro de Portugal, a identidade industrial do território está presente nas Indústrias dos Lanifícios na Covilhã, onde pode visitar os espaços mais significativos da indústria de lanifícios da cidade e observar o património industrial disseminado, nomeadamente complexos fabris, chaminés, bairros operários e outras infraestruturas de apoio à indústria. 

 

A Rota do Turismo Industrial da Marinha Grande permite igualmente a visita a espaços industriais de referência mundial, com visitas guiadas sob marcação.

Caso queira saber mais sobre este tema, sugerimos que se inscreva no Webinar “Turismo Industrial no Centro de Portugal”, que decorrerá no dia 25 de fevereiro, às 10h00. Esteja atento! Muito em breve, abriremos as inscrições no nosso site e redes sociais! 

Embarque numa experiência com cheiro a maresia e conheça a Arte Xávega 

Imagine, hoje, os barcos de proa alta, em forma de meia-lua, a entrar mar adentro enfrentando as ondas, à força de remos, lançando as redes a uma centena de metros da costa e regressando à praia onde a rede é puxada para ser recolhido o peixe. É assim há muitas gerações. 

Mas, na Praia da Vieira de Leiria, a Arte Xávega não se esgota nas práticas piscatórias. Há muitos e muitos anos atrás, as ondas violentas do mar não permitiam a pesca durante o inverno. Então, por questões de sobrevivência, os pescadores e as suas famílias eram forçados a migrar para as margens do Tejo, onde se dedicavam à prática da pesca de rio, trocando as casas de madeira por casas assentes em palafitas que os protegiam das cheias. 

Este movimento migratório, designado por cultura avieira, em que os protagonistas eram pescadores marítimos no verão e avieiros do Tejo no inverno, foi descrito por Almeida Garret, em Viagens à Minha Terra, em 1846, e por Alves Redol, na obra Avieiros, em 1942. Mas foi o filme de longa metragem de António Campos que deu a conhecer, às gerações mais recentes, a cultura avieira.

Hoje, longe dos movimentos migratórios de outrora, mas perto das narrativas dos pescadores cujos familiares viveram esta experiência, a arte e a tradição piscatória continuam na Praia da Vieira. Aqui, pode assistir à Arte Xávega e até comprar o peixe, acabado de sair nas redes, na pequena lota junto à praia. Uma experiência a não perder. 

Praia da Torreira, Praia de Vagos, Praia de Mira, Figueira da Foz, Cantanhede Rota da Arte Xávega .

Parta à descoberta do maravilhoso mundo das Chitas e da Loiça Azul de Alcobaça

Sabia que a chita chega a Portugal no século XV, pela mão dos navegadores portugueses que navegavam para oriente e, de regresso, traziam tecidos com padrões exóticos que faziam as delícias das damas da corte? É verdade! 

Mas é só no século XVI que este pano de algodão, com padrões muito coloridos – desenhos de aves exóticas e frutos tropicais, animais, flores, cornucópias – surge documentado como Pano de Alcobaça. De oferta variada, a Chita de Alcobaça tem vindo a reforçar a sua identidade ao longo dos séculos.

Também na mesma região, a história da Loiça Azul de Alcobaça está relacionada com as grandes jazidas de barro existentes na região, bem como pela presença dos monges cistercienses do Mosteiro de Santa Maria da Vitória que, a partir do século XII, marcaram a arte de trabalhar o barro. Com os seus tons amarelo, verde, violeta e encarnado sobre um fundo predominante azul, esta loiça inclui desde peças ornamentais a objetos mais utilitários.

A loiça azul de Alcobaça tem sido objeto de estudo ao longo da História. Ao longo do tempo, a cerâmica tem conseguido modernizar-se, aliando a tradição à inovação no design.

Sinta o conforto das Mantas de Minde

Com 400 anos de História, a arte das Mantas de Minde terá nascido no século XVII, no Convento dos Frades Arrábidos. Com o desenvolvimento do trabalho dos religiosos, o Rei D. João V estabeleceu em Minde um mercado anual de lãs, em julho, por altura das festas de Santana.

Partindo do princípio da autenticidade, o Atelier de Tecelagem do Centro de Artes e Ofícios Roque Gameiro passou a recriar uma arte que se foi perdendo na industrialização. Os teares são de madeira, originais e todo o produto, o mais puro possível, feito apenas de lã de ovelha, comprada na região da Guarda. Na manufatura das Mantas de Minde respeitam-se os produtos e as técnicas herdadas: 100% lã portuguesa, as receitas de tinturaria, os padrões originais e todo o processo da produção. Parta à descoberta da época de ouro do têxtil em Portugal no Museu Industrial e Artesanal do Têxtil.

Aprecie a arte e a fineza das Rendas de Bilros de Peniche

O adágio popular “onde há redes há renda” vem confirmar que era sobretudo à beira-mar que a Renda de Bilros fazia parte do património histórico da população de Peniche. A sua História remonta ao século XVII, mas foi na segunda metade de século XIX que a Renda de Bilros atingiu o apogeu artístico, com a criação de oficinas particulares por toda a costa.

Em Peniche, as crianças iniciavam a aprendizagem desta arte bem cedo, a partir dos quatro anos. Contudo, em 1887, a criação da Escola de Desenho Industrial Rainha D. Maria Pia, mais tarde Escola Industrial de Rendeiras Josefa de Óbidos, incentivou o ensino da Renda de Bilros, com desenhos artísticos inovadores e formação de grande qualidade. Atualmente as rendas de bilros de Peniche podem ser aprendidas e aperfeiçoadas na Escola Municipal de Rendas de Bilros de Peniche, que acolhe jovens dos 6 aos 90 anos. Mas é o Museu da Renda de Bilros de Peniche que promove o estudo, a conservação e a valorização deste património cultural.

Contemple a intensidade das cores e o brilho dos fios de seda do Bordado Certificado de Castelo Branco 

O Bordado de Castelo Branco tornou-se conhecido a partir de meados do século XVI, surgindo essencialmente em colchas de linho artesanal cru. Bordadas com fios de seda natural de cor intensa, os seus desenhos são de inspiração oriental e têm uma simbologia própria. Com um perfil claramente exótico, a árvore da vida, os pássaros, os cravos, as rosas, os lírios, as romãs ou os corações são os motivos mais conhecidos. Representando durante séculos a dignidade do enxoval de qualquer noiva da região, nobre ou plebeia, as Colchas de Castelo Branco são peças únicas quer pela originalidade quer pela sua expressão artística.

No Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco encontra a História completa desta arte e pode contemplar  o trabalho ao vivo de algumas das mais aptas bordadeiras das peças do genuíno bordado de Castelo Branco.

Mais recentemente, os desenhos dos bordados foram aplicados no urbanismo, podendo ser observáveis, quer nas calçadas quer nos edifícios, tornando-se assim num dos símbolos da cidade.

O Bordado de inspiração monárquica das Caldas da Rainha

O bordado das Caldas da Rainha teve origem no século XV, tendo como mentora a Rainha D. Leonor que, durante a época de verão, passava longas temporadas nas Caldas da Rainha.

Com aspeto de filigrana, este bordado de inspiração indiana é feito em linho grosso, utilizando motivos espirais e corações ornamentado com linha cor de canela e cor de mel. Muito apreciado por portugueses e estrangeiros, hoje estes bordados são executados por bordadeiras profissionais.

O torneado colorido do Bordado de Óbidos

De tradição mais recente, a criação dos Bordados de Óbidos remonta à década de cinquenta e baseia-se nos motivos decorativos do teto da nave central da Igreja Matriz de Santa Maria de Óbidos. Na sua composição destacam-se arabescos, pássaros, o castelo e a palavra Óbidos, que são bordados em tons de azul, rosa, salmão, verde amarelo e castanho sobre o linho branco, meio linho e estopa. Todos os trabalhos são executados por elementos da  Associação Artesanal e Artística “Bordar Óbidos”, apresentando um selo que comprova a sua autenticidade.

Conheça um pouco mais do nosso património ao som da nossa playlist.

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