Quando nos atrevemos a explorar este parque natural, depressa nos apercebemos que uma viagem até ao Centro do nosso país é, afinal, uma viagem no tempo.
Enquadramento Geográfico
O Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros insere-se no Maciço Calcário Estremenho. A nível geológico é marcado por várias formações rochosas e grutas de calcário. Ocupa parte do distrito de Leiria e do distrito de Santarém. As localidades mais próximas do parque são Alcobaça, Porto de Mós, Rio Maior, Santarém, Torres Novas e Ourém. É uma das elevações portuguesas mais próximas da costa, pelo que em dias claros podemos avistar o mar dos pontos mais altos – uma magnífica paisagem em que mar e serra se entrelaçam.
Fauna e Flora do Parque Natural
O Parque é o habitat natural de centenas de espécies, algumas das quais relativamente raras no território nacional.
À superfície, vemos o morcego-de-peluche, o morcego-lanudo (que não se reproduz em mais nenhum local no país) e dezenas de aves em diferentes zonas do parque: gralha de bico vermelho, bufo-real, ógea, corvo, gavião, mocho, várias espécies de águias e várias espécies de corujas. Contudo, serão os mamíferos as verdadeiras estrelas do parque. A escassos quilómetros de várias cidades portuguesas (e apenas a 100 km de Lisboa), encontramos genetas, raposas, javalis, texugos e sacarrabos, gatos e coelhos selvagens a viver livremente.
Finalmente, os répteis e anfíbios: o tritão marmoreado, a salamandra, o sapo de unha negra, 2 espécies de cobras terrestres (incluindo a víbora-cornuda) e 2 espécies de cobras aquáticas. Nas grutas, vivem outras espécies que se adaptaram à vida subterrânea ao longo de séculos.
A flora do Parque Natural é igualmente (senão mais) variada. Entre a Serra dos Candeeiros e a Serra de Aire, estima-se que existam entre 450 e 600 espécies florestais. As mais características da região serão talvez a azinheira, o carvalho-português e o alecrim, mas podemos encontrar coberto vegetal primitivo como o carvalho-cerquinho.
Outras espécies que povoam o Parque são o carrasco, o sanguinho, a aroeira, o zambujeiro, o rosmaninho, o tomilho peludo, as orquídeas (25 variedades) e o narciso.
Grutas, Pegadas e Monumentos Arquitetónicos
Desengane-se quem pensa que as suas magníficas fauna e flora são as únicas atrações do Parque. Devido à sua geologia, a zona está repleta de formações subterrâneas (cerca de 1500) que parecem levar-nos à origem do Mundo.
As famosas Grutas de Mira de Aire, descobertas em 1947, chegam a atingir 180 metro de profundidade. Perto, são também dignas de visita as Grutas de Santo António, as Grutas de Alvados, no concelho de Porto de Mós, bem como, Grutas da Moeda, no concelho da Batalha.
Mas as rochas do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros revelam-se um livro de histórias, e ao virar da página levam-nos para uma era diferente. Nos anos 90, quando parte da serra estava a ser explorada por diversas pedreiras, descobriram-se na “Pedreira do Galinha” fósseis de saurópodes. Ou, por outras palavras, pegadas de dinossauros. Remontam ao Jurássico e, com dimensões de 95 cm por 70, fazem-nos sentir muito pequeninos!
O Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém / Torres Novas localiza-se na povoação do Bairro, no extremo oriental da Serra de Aire, uma das unidades geomorfológicas que compõem o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros .
É ainda possível ver fósseis de outros seres vivos que habitaram a Terra nesse período, como as amonites. Mas o maior monumento arquitetónico do Parque é o “Arco da Memória”, que nos transporta até tempos mais “próximos” – o reinado de D. Afonso Henriques.