Património Judaico no Centro de Portugal: há quantos Séculos!
O Centro de Portugal é uma região rica em encantos naturais e culturais, uma região de encontros com a diversidade do nosso país, um país dentro do país.
Esta é também uma região, cenário vivo da história do nosso país, e um pedaço dessa história é a presença judaica em Portugal.
Junte-se a nós e venha conhecer o património e herança judaica no Centro de Portugal.
Lugares marcados pelo judaísmo: sinagogas e judiarias
Apesar de haver registos da presença judia muito antes do reino de Portugal existir, foi essencialmente entre os séculos V e XV que os judeus se começaram a resguardar em aldeias históricas, vilas e cidades portuguesas, como é o exemplo de Belmonte, Castelo Rodrigo, Castelo Branco, Coimbra, Covilhã, Guarda, Trancoso e Tomar, com grande concentração nas Beiras.
E aqui deixaram marcas religiosas nas sinagogas, bem como arquitetónicas e urbanísticas nas casas e ruas, culturais nas diversas práticas diárias, fossem económicas, agrícolas ou comerciais.
É possível conhecer de perto a riqueza deixada no país, visitando as rotas turísticas existentes que ligam os diversos concelhos, percorrendo a Rede do Património Judaico Belmonte, Covilhã, Manteigas, Trancoso e Almeida, visitando as antigas sinagogas e percorrendo a Rota das Judiarias, começando na que fica mais a norte, no interior das muralhas medievais da Covilhã.
Belmonte é uma das maiores referências no que toca ao património judaico, pois foi onde uma comunidade judaica se manteve organizada como originalmente, sem comparação com outro ponto da Península Ibérica. A Sinagoga “Beit Eliahu” (Filho de Elias) e o Museu Judaico que convidam a conhecer os usos e costumes desta comunidade, bem como marcas nas paredes e ombreiras das casas, cruzes e outras marcas.
Em Tomar encontra, numa sossegada rua de calçada, a antiga Sinagoga do séc. XV, recuperada e doada ao Estado Português para ali se instalar o Museu Luso-Hebraico de Abraão Zacuto. Conheça o seu interior e deixe-se apaixonar pela história do seu patrono, que chegou a criar um precioso instrumento que contribuiu para o sucesso das Descobertas.
A Sinagoga representa para os judeus um lugar de oração, estudo e reunião. Era em torno da mesma que a população se organizava, em terrenos da Coroa apelidados de Judiarias. As mais conhecidas situavam-se na faixa raiana da Beira, nomeadamente na Guarda, Castelo Rodrigo, Almeida e Belmonte.
Gastronomia Kasher
Característico desta comunidade são os alimentos Kasher ou Kosher, alimentos preparados de acordo com o Kashrut, ou seja, as leis judaicas de alimentação.
Alguns dos preceitos ditados por estas leis, determinam que a carne dos mamíferos e aves só poderá ser consumida se o animal for abatido sem sofrimento e depois de salgada e colocada de “molho” para o sangue seja removido. Também é definido que não poderão ser utilizados utensílios no leite, iogurtes e queijos que tenham sido utilizados nas carnes e vice-versa.
Os produtos Kasher são facilmente reconhecidos pelos seus selos próprios, garantindo que os alimentos passaram por um rigoroso controle e supervisão do Rabino.
Um pouco por todo o país poderá encontrar estes produtos como vinho, azeite, queijo, enchidos de aves, compotas, entre outros.
Valores para a vida
A família, o casamento, a concentração no equilíbrio entre o mundo espiritual e o mundo terreno representado na estrela de David (um dos símbolos do judaísmo), bem como a existência de um só Deus são alguns dos valores e crenças deste povo de Israel.
A sua identidade vincada está hoje representada nos seus descendentes e diluída nas sociedades onde se instalaram através do património e histórias deixadas escritas pós-Inquisição e que aguardam a sua visita.