Aveiro é conhecida por ser a Veneza portuguesa mas, cada uma é como cada qual, que é como quem diz…ambas as cidades são únicas, peculiares e bem diferentes, por sinal. Qualquer analogia é portanto dispensável. Ambas inesquecíveis e incomparáveis, é de Aveiro que aqui vamos tratar.


A cidade tem bons acessos pelo que poderá explorá-la a pé ou de Buga, bicicleta que o Município de Aveiro põe gratuitamente à disposição de todos, população e visitantes.

Explorar Aveiro é descobrir uma cidade de encantar, um lugar especial com ligação à Ria de Aveiro que entra e desliza suavemente pelos bairros da cidade. Fundamental recurso do território e particularmente do espaço urbano, as experiências que lhe vamos propor neste roteiro de um dia têm, inevitavelmente, a Ria por base ou como pano de fundo.

Para além do charme que os canais da Ria de Aveiro lhe atribuem, a cidade tem uma identidade arquitetónica muito própria, concedida pelos belos edifícios Arte Nova, pelo colorido dos azulejos das fachadas das casas com padrões únicos e pelas linhas modernas das novas urbanizações, que a colocam na categoria das melhores cidades para viver em Portugal.

E porque a população de Aveiro sempre teve uma ligação vital com a água da Ria, do Rio Vouga e do mar, a Estação Náutica de Aveiro apresenta-se como um polo agregador de atividades desportivas, sempre em sintonia com este elemento natural tão importante.
Aproveite, por isso, para praticar vela, canoagem ou remo e, acima de tudo…divirta-se!

Depois, não perca tempo. Até porque ainda bem antes de aqui chegar, já eles chamavam por si: os deliciosos ovos moles de Aveiro. Com indicação geográfica protegida (IGP), são uma das mais conhecidas e apreciadas especialidades da doçaria tradicional portuguesa. Outrora desenvolvidos no seio da vida dominicana, franciscana e carmelita de Aveiro, o saber fazer dos ovos moles mantem ainda, hoje, uma forma de fabrico artesanal.

Quer saber mais sobre a história e a confeção deste ex-libris da cidade? Procure a Oficina do Doce. Em pleno centro da cidade, no canal central, este espaço didático e historicamente representativo, dá-lhe a oportunidade de experimentar a sua arte como doceiro.

Ovos Moles de Aveiro


Agora sim, com forças retemperadas, já podemos começar por uma das atividades mais procuradas de Aveiro: o tradicional passeio de moliceiro pelos canais. Noutros tempos, o barco moliceiro e as suas velas brancas dominavam a Ria, já que este era o meio utilizado na apanha do moliço, essas preciosas plantas aquáticas que constituem a vegetação submersa das águas, outrora utilizadas na fertilização dos campos e terrenos arenosos.

O seu aproveitamento agrícola enquanto substrato de elevada qualidade, é quase nulo hoje em dia, mas foi um importante recurso das gentes ribeirinhas, que até ao fim da década de 50 do século passado, praticavam a sua colheita em quantidades que excediam consideravelmente as 200 mil toneladas por ano.
Com o passar dos tempos, as velas dos moliceiros foram substituídas por motores que permitem conhecer grande parte da história de Aveiro, através de um belo passeio a bordo de um tradicional moliceiro, com linhas elegantes e motivos coloridos.

Escolha uma das muitas empresas que aqui operam e, durante cerca de 45 minutos, navegue docemente pelos quatro canais de Aveiro. Aprecie os seus principais pontos de interesse turístico: o bairro típico de pescadores e marnotos, o Bairro da Beira-Mar, a antiga zona nobre da cidade, outrora muralhada, o Bairro do Alboi e o Cais da Fonte Nova.

Herança artística de uma cidade à beira ria

Depois deste passeio, pense em adquirir o bilhete único de visita aos museus e património da cidade. Vai valer a pena. Inclui acesso ao Museu de Aveiro/Santa Joana, ao Museu da Cidade de Aveiro, ao Museu Arte Nova de Aveiro, ao Ecomuseu Marinha da Troncalhada e à Igreja das Carmelitas.

Encontre uma estrutura imponente, na zona norte do canal central. É o edifício do Museu da Cidade de Aveiro que ilustra os momentos, os factos e os protagonistas que, ao longo do tempo, têm dado alma à história de Aveiro. De portas abertas na Rua João Mendonça, acolhe exposições de variadas temáticas, não fosse ele o reflexo da criatividade, da arte e da cultura de artistas locais. A par com trabalhos de criadores de renome nacional e até mesmo internacional, este espaço promove e salvaguarda o património e a identidade cultural aveirense. Na loja do museu, aprecie o artesanato, a arte, os produtos gourmet e as recordações da cidade.

A escassos passos, na Rua Barbosa Magalhães, o ferro forjado com formas encantadas de flores e arabescos sobressaem na entrada do Museu de Arte Nova, e convidam-no a entrar. Internacionalmente reconhecida como a cidade-museu da Arte Nova em Portugal, Aveiro oferece uma ampla rede de motivos Arte Nova. Nesta visita específica, a arte ganha vida. E mais do que repor o ambiente ornamental de uma habitação Arte Nova, este núcleo museológico aborda a Arte Nova como um válido argumento didático. Visite-o e confirme por si próprio.

Bem perto daqui, mas já do outro lado da Ria, encontramos o Museu de Aveiro / Santa Joana, instalado desde 1911, no antigo Mosteiro de Jesus da Ordem Dominicana feminina. Mas afinal, quem foi esta Princesa que aqui levou uma vida de santidade? D. Joana, filha de Afonso V, que aqui entra em 1472, é beatificada no ano de 1693, e está até aos nossos dias, associada ao convento.
Atualmente, o museu acolhe uma importante coleção de arte sacra, pintura, talha, escultura, azulejo, ourivesaria e paramentaria, apresentando dois circuitos de visita distintos: o percurso monumental e a exposição permanente.
No piso térreo, é possível apreciar o coro baixo, onde se situa o túmulo de Santa Joana Princesa, em mármore rosa, verdadeira obra-prima da arte barroca; a Igreja de Jesus que apresenta uma sumptuosa talha dourada e azulejos portugueses; o claustro, com as suas capelas, sala do capítulo e o refeitório, com a sua graciosa tribuna de leitura. No piso superior, o claustro dá acesso ao coro alto e às capelas devocionais.

Terminada esta visita, atravesse a estrada. Com influência barroca, gótica e maneirista, a Sé de Aveiro, parte integrante do antigo Convento de São Domingos, é igualmente merecedora da sua atenção.

Para além dos ovos moles

É agora tempo de fazer uma paragem para o almoço. As ementas dos muitos e bons restaurantes da cidade anunciam os melhores pratos de peixe, desde a raia à lampreia, passando pelo ensopado ou caldeirada de enguias, pelo sável frito com açorda de ovas, pelas douradas, robalos e linguados. Opções saborosas não faltam e as receitas, essas, são únicas e perduram no tempo quando é tempo de confecionar o bacalhau assado, as caras, línguas e buchos de bacalhau ou a famosa e apaladada feijoada de samos. Prove os bons vinhos e espumantes da Região Demarcada da Bairrada e termine a refeição com um Licor de Aveiro ou uma Aguardente da Bairrada.


Outra visita obrigatória? As Salinas de Aveiro!

Dizem que todas as rotas em Aveiro passam ou terminam nas marinhas de sal. Confira por si.

Ricas em história e tradição, são uma boa razão para desfrutar de uma tarde relaxante. Poderá trilhar de bicicleta algumas delas mas, pelo sim, pelo não, peça ao marnoto se é permitido. Algumas são, outras não. Em duas rodas ou a pé, percorra os caminhos de terra que contornam a água e admire os pequenos montes de sal que vão interrompendo o percurso. Aproveite para comprar o excelente sal ou flor de sal que aqui se produz e que, em tempos, serviu de moeda de troca. Este é sem dúvida um bem milenar que, ao longo dos séculos, transformou Aveiro numa cidade importante para a economia portuguesa, reconhecida em toda a europa.

Visite o Ecomuseu da Troncalhada onde aprenderá mais sobre os métodos de produção artesanal do Sal, o qual consiste num conjunto de trabalhos de cristalização, por evaporações sucessivas. A colheita do sal, essa, dá-se em finais do mês de junho até setembro, outubro, sempre que as condições atmosféricas o permitam.

Além da produção de sal, as várias marinhas promovem o bem-estar e contribuem para o tratamento de diversas doenças. Relaxe numa praia ou numa piscina salgada, verdadeiros spas. Trate da beleza da sua pele e alivie sintomas de artrite.

Arte urbana de se lhe tirar o chapéu

O nosso roteiro está a chegar ao fim, mas não sem antes contemplarmos originais e irreverentes telas de arte urbana que animam fachadas, antes ignoradas.

Se chegou de comboio, o mundialmente aclamado Alexandre Farto, vulgo Vhils, desejou-lhe as boas-vindas à chegada, com um rosto esculpido numa parede situada em frente à Estação Ferroviária. Junto a este icónico trabalho artístico, encontramos a obra do premiado cabo-verdiano, António Conceição. Kest, inconfundível artista aveirense, demonstra o seu talento no Arco do Comércio. Já o italiano Millo exibe uma das suas obras, de elevado pormenor, na Rua Vale do Senhor. No Parque Infante D. Pedro, é o trabalho dos espanhóis Jorge Peligro e Icha Bolita, que podemos encontrar. A Praça do Peixe, Rua dos Marnotos, é uma das montras de “street art”. Lá, encontramos desenhos da autoria do pintor mexicano Valinãs, de Fábio Carneiro, de Ratu e de Zooter. Nas Barrocas, do outro lado da cidade, a fachada do armazém do Banco Alimentar Contra a Fome também foi pintada por estes dois últimos artistas, residentes em Aveiro.

Contemple nas traseiras do Fórum Aveiro, debaixo da ponte que atravessa o canal, na Rua Carlos Aleluia, uma homenagem a Atita, personalidade aveirense que tinha como apelido “Tubarão dos Mares”, da autoria de Fábio Carneiro. Desça a rua e encontre um mural da autoria de vários artistas, e um desenho do “Menino da Lágrima”, feito por Lucky Hell. Na rua ao lado da Sé, exibe-se uma das maiores obras de Aveiro: um painel de Zooter e do Ratu, encomendado pela Associação Académica da Universidade de Aveiro, o qual espelha muitas das vivências dos estudantes na cidade.

Na Rua Gustavo Ferreira Pinto Basto, uma das paredes da Escola Básica do 1.º Ciclo da Glória ganhou vida com uma ecografia em tamanho gigante, da autoria do artista The Empty Belly.

Também o interior de certos edifícios é privilegiado por esta arte. O restaurante “Armazém da Alfândega” tem murais da autoria de Fábio Carneiro e Zooter executou trabalhos na loja de brigadeiros “Santo Joaquim” e no bar “Jukebox”.

E agora? Vai seguir viagem de comboio pelo Centro de Portugal?

Admire novamente a fachada de uma das mais belas Estações de Caminhos de Ferro do país. Com extraordinários painéis de azulejos policromos azul-cobalto adornados de pormenores amarelos, a sua fachada branca revela cenas ferroviárias, naturais, culturais e atividades tradicionais desta região. É uma verdadeira contadora de histórias! Ilustra monumentos e paisagens típicas, evoca outras obras ferroviárias e homenageia Licínio Pinto e Francisco Pereira, pintores dos azulejos produzidos na Cerâmica Fonte Nova, em 1916.

Alojamento primoroso e hospitaleiro

Se optou por pernoitar na cidade ou perto dela, acreditamos que a escolha não tenha sido fácil. Em Aveiro, as opções de alojamento são muitas e bem convidativas. De uma coisa estamos certos: encontrará um refúgio à sua medida, em pleno centro da cidade, à beira-ria ou à beira lago, na modernidade de distintos hotéis, no conforto de elegantes casas campestres, no ambiente cozy de guest houses, e até mesmo, imagine-se, em barcos casa, auto suficientes e 100% ecológicos.

Encontre muitas e variadas opções de alojamento. Espera-o um ambiente afável e familiar que o fará sentir em casa.

É tempo de partir? Lembre-se do olhar enigmático da obra de Vhils. Sem o dizer, afiança-nos: “Leve as memórias. Fique com as saudades. Vai voltar. Em Aveiro, ainda há tanto para explorar”.

Estamos inteiramente de acordo, até porque ainda não falámos da Via Ecológica Ciclável pela Polis Litoral Ria de Aveiro, onde poderá fazer exercício físico e observar a fauna e a flora desta incrível paisagem lagunar.

Também ainda não visitou a Igreja de Vera Cruz e a Capela de São Gonçalinho, dedicada ao Santo casamenteiro, Patrono da cidade. Volte no domingo mais próximo do dia 10 de janeiro e participe na festa em sua honra, a mais acarinhada pelas gentes do bairro da Beira-Mar e da população de Aveiro, em geral. Apanhe cavacas doces que são lançadas a partir da cúpula da Capela para o público, em jeito de pagamento de promessas.

Volte em maio e junho para a Feira do Livro, em julho por ocasião do Festival dos Canais, evento que acolhe uma grande diversidade de espetáculos e muita animação. Volte em agosto para o Festival Dunas de São Jacinto, um evento diferenciador que alia cultura, natureza e desporto. Volte de novembro a janeiro para as Boas Festas de Aveiro. Volte em…olhe, volte sempre que puder.

É um prazer tê-lo connosco!