O Centro de Portugal acolheu de dia 21 a 23 de junho um grupo de cinco jornalistas que acompanhou de perto a conclusão do Projeto CRECEER pelas Região da Guarda e Castelo Branco. Este projeto, promovia sobretudo a criação de redes de cooperação empresarial em ambientes rurais transfronteiriços nos setores agroalimentar (gourmet) e turístico.

Especializados em turismo, cultura e lifestyle, os jornalistas tiveram a oportunidade de descobrir alguns encantos do território da CIM Beiras e Serra da Estrela e da CIM Beira Baixa, territórios de fronteira que estão no centro da Ibéria e têm vindo a reunir condições para criar produtos turísticos, sustentáveis, inovadores e de qualidade, capazes de atrair jovens e talentos para esse território. Nestes três dias, o grupo foi convidado a provar, conhecer e visitar alguns dos muitos projetos desenvolvidos em parceria com o CRECEER e ligados à confeção de produtos alimentares gourmet e ofertas turísticas diferenciadoras e sustentáveis. O queijo, o vinho, o azeite, as carnes frescas e as frutas são identificados como os recursos estratégicos presentes nos territórios. 

No primeiro dia desta press trip, no pequeno auditório do Teatro Municipal da Guarda, discutiram-se as conclusões finais do projeto CRECEER, saiba mais pormenores aqui. Desta forma, foi possível conhecer e ter uma noção mais concreta e alargada da importância e envolvência que o projeto trouxe para a Região.  

Após a sessão, seguiu-se um agradável jantar com todos os intervenientes, no restaurante “Colmeia”vencedor do primeiro concurso Beira Interior Gourmet na categoria de “Melhor Restaurante”, em 2020. Foram servidos de forma requintada o melhor da trilogia da região: vinhos, pratos com enchidos e queijos. 

Restaurante “Colmeia”, na Guarda

O grupo de jornalistas ficou alojado num hotel de charme em plena Serra da Marofa, na Aldeia do Comeal, em Figueira de Castelo Rodrigo. Localizado nas propriedades onde outrora terá morado D. Isabel de Gouveia, mãe de Pedro Álvares Cabral grande responsável pela descoberta do Brasil, este hotel que convida ao silêncio e a uma estadia mais “slow”. 

Comeal Coutryside Hotel

O segundo dia, começou por uma apresentação dos chefs do restaurante do “Colmeal Coutryside Hotel”. Leonardo Sousa, em representação da equipa, explicou que graças à confeção das refeições numa ótica de cozinha de conforto, onde se privilegia os produtos endógenos locais como o mel, a laranja e o vinho Silêncio, têm conseguido atrair vários clientes da raia portuguesa e espanhola. Na impossibilidade de usufruir de uma refeição no terraço, muitos jornalistas ficaram entusiasmados para voltar a este paraíso no interior da Serra. De seguida, terão sido convidados a descobrir os encantos da área envolvente do hotel, tendo sido acompanhados numa visita guiada pela Gabriela, gerente do hotel e a melhor pessoa para nos dar a conhecer todos os cantos ali à volta. Avistou-se ninhos de abutres do Egito, algumas das gravuras rupestres de Foz Côa e houve ainda tempo para respirar o ar puro da Serra.  

Apresentação dos chefs do restaurante do “Colmeal Coutryside Hotel”.
Colmeal Countryside Hotel

Numa viagem até Vide entre Vinhas, em Celorico da Beira, foi dado a conhecer aos jornalistas a “Casa Agrícola dos Arais”, dedicada ao Fabrico de Queijo Serra da Estrela DOP e cardosRecebidos com um uma vasta mesa com frutos secos, vinhos, requeijão, doce de abóbora, queijo de ovelha curado e queijo da Serra da Estrela DOP, enquanto degustavam os produtos produzidos na queijaria, ouviam a explicação da proprietária, Célia Silva, que curiosamente apesar de não gostar de queijo tem uma paixão pelo negócio que era da sua avó. Esta referiu que para produzir este queijo DOP, apenas se podia contar coma a ovelha Churra Mondegueira e ovelha Serra da Estrela e ambas teriam de estar inscritas no livro genealógico da raça, explicou ainda quanto tempo era necessário para os queijos curarem e quais os três ingredientes essenciais para fazer o seu queijo: leite, sal e cardo. A visita terminou com uma passagem pelo interior da fábrica onde Célia Silva colocou as mãos na massa e demonstrou como é que ali, diariamente, são feitos cerca de 50 queijos.  

Casa Agricola dos Arais
Casa Agrícola dos Arais

A apenas hora e meia da queijaria fica o Museu do Pão, em Seia. À chegada, os jornalistas foram recebidos pela Diretora do Museu, Graça Freitas e por Fernanda Amaral e o filho João que os esperavam com uma mesa farta com os seus enchidos. Pôde-se provar a morcela, a farinheira, um pouco de paio do lombo e chouriça, assim como uma variedade de pães fabricados no Museu, tendo ficado prometido para uma próxima visita o mais requisitado produto do Fumeiro D’Amaral, a Urtigueira, uma alheira de urtiga que já deu uma longa história na vila. Segundo a simpática Fernanda, o negócio dos fumeiros de Fornos de Algodres abriu em 2015, mas mantém os temperos que a sua avó utilizava: alho, sal e cominhos. A alimentação dos animais é feita à base de verduras e o mais natural possível, o que faz a diferença total na gordura das carnes destes saborosos enchidos. 

Museu do Pão, em Seia

Depois do Bacalhau confitado com Queijo Serra da Estrela DOP e Açorda de Borrego Serra da Estrelado servidos no restaurante do Museu. Naturalmente, não podiam vir embora sem antes conhecer um dos Museus mais pedagógicos de Portugal e o ciclo do pão.  

Museu do Pão, em Seia

Começando a visita pelo Espaço temático dos orelhudos da tribo dos Hérmios, o grupo ouviu a história do pão como se magicamente tivesse voltado aos tempos de criança. Na exposição intitulada “Arte do Pão” ficaram a par da lenda da criação diabólica do moinho e ainda puderam contemplar algumas aguarelas de Manuel Tavares, sobre o ciclo do milho. Na exposição do “Ciclo do Pão”, viram todos os tipos de pão característicos de cada Região de Portugal e aprenderam a oração rezada ao amassá-lo. Na última exposição “Pão Político, Social e Religioso”, uma explicação dos último 300 anos dá a conhecer a realidade deste alimento que, para além de alimentar o corpo, alimentava a alma, passou de um alimento que era o único sustento de muita gente do povo para agora estar à mesa de todas as classes sociais. Recentemente, o Museu adquiriu do espólio de Fernando Pessoa: uma das escrivaninhas onde escreveu muitas das suas obras, dois pares de óculos e a “Mensagem” autografada pelo próprio, que deslumbraram os jornalistas que desconheciam que fossem encontrar memórias de Fernando Pessoa nesta visita pela Serra. Apesar de todos já conhecerem o Museu, é sempre com agrado que aqui voltam. 

Museu do Pão, em Seia

E, para não ficarem apenas a “pão e água” o grupo desceu o Vale Glaciar. Passou por diversos pontos turísticos como a Nossa Senhora da Boa Estrela, a Barragem do Padre Alfredo, a Lagoa do Viriato, o Miradouro da Varanda dos Carqueijais e o Centro Histórico da Covilhã, até chegar a Carvalhal Formoso, em Belmonte. 

Na “Quinta dos Termos”, João e Pedro Carvalho esperavam-nos para conhecer as vinhas onde são produzidas mais de 250 castas, praticamente com as mesmas técnicas que o pai utilizava há 50 anos, e uma prova de vinhos cuidadosamente selecionados: Fonte Cal, Alto da Lousada, Talhão da Serra, Alto do Pocinho, Beira Interior D.O.C e ainda um espumante bruto natural: Beira Interior V.E.Q.P.R.D. Pode-se dizer que o fim de tarde foi muito bem passado, pois houve tempo para falar dos projetos dos proprietários e confraternizar com a família Carvalho e com os diferentes jornalistas que compunham o grupo. 

Quinta dos Termos, Belmonte

Após a enriquecedora experiência não só gastronómica, mas também cultural foi tempo de regressar ao hotel, desta vez, no Fundão num antigo Convento da Ordem Franciscana, o “Convento do Seixo Boutique Hotel & Spa”.  

Convento do Seixo – Boutique Hotel & SPA, no Fundão


No último dia, o grupo visitou o Parque do Barrocal, em Castelo Branco detentor de prémios na categoria de paisagem pública e geoconservação 2021. Neste santuário rupestre com 11 hectares de área visitável, foram guiados pela Margarida que lhes indicou o caminho por mais de 10 atrações: vários conjuntos de barrocas, miradouros e mirantes, passadiços e ainda um observatório dos abelharudos e um parque infantil. No final, todos tiveram direito a um carimbo no Passaporte da Rota dos Museus de Castelo Branco. 

Parque do Barrocal, em Castelo Branco

Aproximando-se o fim desta press trip, à hora de almoço e à entrada do Restaurante Piscina Praia, degustaram-se iguarias de peixe do rio. Provou-se Barbo e Carpa Gralhada ambos em azeite virgem extra, produzido no Alandroal, Sável Fritopatê de peixe do rio mas, julgo que terá sido eleito como favorito o Lúcioperca com cereja do Fundão.  

Com um clima já de despedida, a refeição continuou com mais um prato peixe de rio da conserveira de Leonel Branco, a Bem Amanhado, responsável pelo menu degustativo à entrada. Desta vez, serviu-nos o prato de Achigã à Brás. Na mesa, provaram-se enchidos da Salsibeira Alcains e um prato típico de Proença-a-Nova, o plangaio, um género de maranho à base de carnes de porco com um sabor particularmente intenso que o grupo estranhou. A sobremesa, por sua vez mais doce, contou com um gelado de azeite e mel com bolacha, assim como uns biscoitos de café com doce de laranja e café, classificados em 2º LUGAR, na categoria dos hortícolas do concurso InovCluster de produtos alimentares inovadores. 

Prova de iguarias de peixe do rio

Ficou com apetite aguçado depois do que leu? Visite a Região da Serra da Estrela e da Beira Baixa e conheça estes e muitos outros projetos promovidos pelo CRECEER.