Alvaiázere é um refúgio de tranquilidade no centro de Portugal. O seu nome carrega a memória da presença árabe e as suas montanhas a força da natureza que moldou as suas grutas e algares. E há muito para fazer. Reencontrar a genuinidade por bosques de carvalho-cerquinho de um intenso verde, por vales intocados pela civilização, por vinhedos, olivais e casario branco e ocre. Fundir-se em fragâncias e cores, numa viagem escrita pelos aromas do alecrim, da erva-de-santa-maria e pelo colorido das orquídeas. Viajar até á pré-história, nas antas do Rego da Murta ou admirar-se com os invulgares Megalapiás. Orar na capela da Senhora dos Covões. Perder-se no horizonte do cume da serra e tocar com a ponta dos dedos a Serra da Lousã, do Caramulo, a vertente Sul da Serra da Estrela, a do Sicó, a Serra d’Aire, e, em dias mais límpidos, o mar. E com a mesma mão que alcançou a distância, colher o pequeno chícharo, que elegeu Alvaiázere a sua capital.

Fértil em recursos e em abrigos naturais, Alvaiázere é desde a antiguidade espaço de presença humana. Provam-no os muitos vestígios que remontam à época paleolítica, bem no alto da serra ou debaixo do solo, nas suas inúmeras grutas.

De entre os múltiplos sítios arqueológicos, destaca-se o complexo Megalítico do Rego da Murta. As Antas do Rego da Murta situam-se a cerca de 500 metros da aldeia do Ramalhal, freguesia de Pussos São Pedro. Além destes monumentos, existem outros dispersos por toda a área envolvente, fazendo deste território um pólo de interesse no panorama arqueológico nacional e internacional. São muitos e de grande interesse os artefactos e objectos recolhidos. Para além de vestígios humanos e de animais, contam-se vasos cerâmicos, pontas de seta, instrumentos agrícolas (machados e enxós), instrumentos de corte (lascas, lâminas e lamelas) e objetos de adorno ou vestuário, em osso ou pedra (como pendentes, alfinetes, botões e contas de colar).

São também numerosos os vestígios da presença dos romanos em Alvaiázere, desde moedas, utensílios e as típicas telhas romanas, fruto da sua localização privilegiada, próxima à grande via romana que ligava Olisipo (Lisboa) a Bracara Augusta (Braga), estrada que pelos séculos fora continuou a ser o elo de ligação com o exterior.

A arquitectura local dá conta da história e vivências concelhias através dos inúmeros exemplos de arquitectura popular, dos solares e das quintas senhoriais. As alminhas, os pelourinhos, os cruzeiros, as capelas e as várias igrejas matrizes, por sua vez, dão forma aos espaços em que desde tempos ancestrais se fazem circular lendas e tradições que são reflexo do espírito religioso deste povo.

A história do seu povo é determinada também por tradições culturais que ainda hoje persistem: o cantar dos reis, o cantar às almas, o desfile de carnaval, o dia da espiga, o dia de todos os santos (“do bolinho”), as festas religiosas, as feiras e romarias, os festivais, entre outros.

Os paladares são também marcados pelo sabor da terra que se encontra na multiplicidade de produtos endógenos que marcam a forte tradição gastronómica local e de que se destacam as características petingas, a sopa dos pobres, os enchidos, o serrabulho, o queijo, as migas de chícharo, a carne de alguidar, a carne de rebolão, entre outros. Todos estes sabores surgem interligados com as tradições e ofícios no Festival Gastronómico do Chícharo que tem lugar no primeiro fim-de-semana de Outubro.

Com uma visita ao Museu Municipal o visitante poderá tomar contacto com as estórias que fazem a história deste território, com os usos e costumes das suas gentes.