É numa antiga escola primária recuperada em Mira que iniciamos esta viagem, mais precisamente no Museu do Território da Gândara. De forma interativa e apelativa, as duas áreas expositivas – o Tempo e o Homem e o Homem, a Terra e o Mar – transportam-nos numa viagem no tempo por achados arqueológicos que demonstram a importância destas terras para a história da região. Também a arquitetura e tradições como os Caretos da Lagoa, os Palheiros de Mira e a Casa Gandaresa figuram neste espaço. Mas uma vez em Mira, não pode deixar de aproveitar para ir a banhos na Praia de Mira, uma das primeiras praias com Bandeira Azul desde a criação da classificação e lugar de importante tradição no que à arte da pesca diz respeito.
Falamos da Arte Xávega, também conhecida por pesca de “arrasto” ou artesanal, levada a cabo por pescadores que enfrentam as ondas em pequenas embarcações para lançar as redes ao mar. Depois de puxadas, as redes são abertas já no areal, seguindo-se a descoberta e escolha do pescado, num verdadeiro espetáculo que não vai querer perder. O ritual estende-se a outras praias do Centro de Portugal. Na Região de Coimbra procure-a nas praias de Mira, da Tocha ou em alguns areais da Figueira da Foz. Mas se a aventura e os desportos náuticos são o seu forte, siga-nos nesta viagem, há mais sobre estas praias que precisa de saber.
As praias desta região, assim como outras do litoral atlântico, são também ideais para a prática de desportos náuticos como surf, kitesurf, o windsurf, bodyboard e até paddlesurf, reunindo várias opções ligadas à cultura das ondas, desde escolas a diversas atividades culturais e desportivas. Basta seguir viagem pela EN 109 para encontrar as indicações que o levarão à costa e, também, ao nosso próximo ponto de paragem.
Continuamos em direção a Sul, sempre com cuidado (e alguma paciência) mas sem nos deixarmos intimidar pela grandeza do Atlântico ou das rochas que acompanham o caminho. À medida que nos aproximamos de Buarcos, somos surpreendidos pela imensidão do mar e da paisagem natural que nos rodeia e, por isso, fazemos questão de parar num miradouro situado à direita. Estamos em pleno Monumento Natural do Cabo Mondego, uma área protegida de excecional importância devido aos aglomerados jurássicos que aqui foram encontrados. Depois de saber mais sobre este lugar e de um momento de contemplação com direito a algumas fotografias, encontramos, a poucos quilómetros, Buarcos e a sua Fortaleza.
As características desta pequena freguesia à beira-mar e a facilidade de desembarque transformaram-na num ponto privilegiado para comércio, mas também num alvo preferencial de investidas inimigas. Por isso mesmo foi, desde cedo, pontuada por estruturas de defesa. Do Castelo de Redondos resta, ainda hoje, um cunhal e a Fortaleza de Buarcos, um troço de muralha com baluartes mais recente que o Castelo construída no século XVI. Tal como outras estruturas defensivas da Região de Coimbra, a Fortaleza de Buarcos faz parte da Rede de Castelos e Muralhas do Mondego. Deixe o carro para trás e aproveite o mar como companheiro para uma caminhada pela marginal, até à Torre do Relógio ou ao Forte de Santa Catarina. Se preferir, pode também percorrê-la de bicicleta, já que existem ciclovias ao longo do percurso. Não deixe escapar a oportunidade para mergulhar numa das Praias da Figueira da Foz. O sol e os extensos areais de perder de vista são um belo cartão-de-visita desta reconhecida estância balnear. Famosas são também as sardinhas da Figueira. Quando a fome apertar, procure um bom prato de sardinhas grelhadas na brasa, acompanhadas por broa e uma bela salada de pimentos, de preferência.