A viagem pela Região de Leiria começa a Sul, pelo Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. Com aproximadamente 38900 hectares, constitui o mais importante repositório de formações calcárias existente em Portugal mas, o que mais impressiona a quem se aventura pelas suas estradas – estreitas mas seguras – é a paisagem verdejante e a riqueza da fauna. Não deixe passar a oportunidade de mergulhar (quase literalmente) até ao interior deste Parque Natural. A par das Grutas de Santo António, em Alvados, umas das mais bonitas e concorridas da Região, as Grutas de Alvados, descobertas em 1964 por um grupo de trabalhadores das pedreiras de calcário da Serra dos Candeeiros, são um tesouro escondido. As suas várias salas têm nomes bastante curiosos como Planeta Maravilhoso, Lagoa das Maravilhas, Sala Bela Adormecida e até Lago da Ponte. Esta gruta está aberta todo o ano mas aconselha-se a marcação prévia para garantir a sua visita.
Grutas de Mira de Aire, as maiores grutas turísticas de Portugal
Saber maisOutro complexo de grutas que vale a pena fica na outra Serra que dá nome a este Parque Natural. Falamos das Grutas de Mira de Aire, descobertas em 1947. Embarque numa viagem ao mundo das estalactites (suspensas no teto) e das estalagmites (que ”crescem” do chão), e deixe-se impressionar (acontece facilmente) pela imponência da Sala Grande, pela cor da Sala Vermelha e pela grande descida até à Galeria.
Pelo caminho, não perca a cascata do Grande Lago, que é, de facto, uma experiência imperdível. Descemos em direção a Porto de Mós e só voltamos a subir a poucos metros do Castelo de Porto de Mós, conquistado aos mouros em 1148 por D. Afonso Henriques. A vista de cortar a respiração sobre o vale do Lena e a Serra dos Candeeiros é garantida e os inconfundíveis torreões ou coruchéus verdes fazem desta visita mais do que aconselhada. Aproveite para explorar as quatro torres, a varanda quatrocentista, virada a sul, os vários pátios interiores, as áreas expositivas permanente e temporária e, até, as prisões.
Seguimos caminho em direção à vila da Batalha, onde encontraremos um dos quatro lugares Património Mundial da Humanidade da Região Centro de Portugal. Pelo caminho, vale a pena passar, ainda, no Ecoparque Sensorial da Pia do Urso. Os quilómetros dentro do carro começam a pesar e, por isso mesmo, está na hora de esticar as pernas. Estacione o carro na zona indicada como Parque da Zona Sul e dê início a este percurso sensorial de um quilómetro (com informações em braile). Pelo caminho encontra vários pontos de interesse: uma estação de educação ambiental, outra dedicada ao período jurássico, uma terceira sobre a Batalha de Aljubarrota, um miradouro, uma estação lúdica e outra musical, jogos, bancos à sombra e, claro, a Pia do Urso – uma pequena bacia de água habitada por anfíbios e a figura do urso que, segundo a história, viria até aqui matar a sede. Esta é, sem dúvida, uma atividade ideal para os mais novos, mas se preferir algo mais desafiador, aposte na Rota dos Moinhos.
Se optar por percorrer esta Rota a pé, enfrentará um percurso circular de 6,7 quilómetros – aventura para durar três horas – com partida no Hostel da Pia do Urso e passagem pela Pia do Urso e por vários moinhos, como o Moinho do Zé Cuco, do Manuel Moleiro e do Mocho, com vista privilegiada para a Capela de São Mamede. Seguimos pelo caminho dos romeiros do século XVI e deparamo-nos com o Carreiro das Lajes, outrora utilizado como acesso à única capela do planalto. Se, por outro lado, preferir fazer o percurso de bicicleta, prepare-se para os 27,1 quilómetros que terá pela frente.
Com início no Centro de BTT da Pia do Urso, passará ainda por vários moinhos, pela região da Lapa Furada e até pela Demó Velha, onde a paisagem verde é apenas interrompida por uma pedreira. Tal como no percurso pedestre, esta aventura termina onde começou: na Pia do Urso.
E já que estamos neste local, não deixamos escapar a oportunidade de explorar o interior da Terra. Mergulhamos, assim, nas Grutas da Moeda, em São Mamede. Com uma extensão visitável de 350 metros, espere observar paisagens geológicas incríveis.
Se viajar entre os meses de setembro e outubro, opte por fazer um pequeno, mas aconselhável, desvio, para conhecer uma peculiar tradição da região. Falamos da “Festa dos Caracóis”, em Reguengo do Fetal, que se destaca pelas procissões noturnas iluminadas por velas feitas com cascas de… caracóis. A primeira procissão tem lugar no último sábado de setembro, voltando a repetir-se no sábado seguinte. Aproveite e prove as deliciosas cavacas de Reguengo do Fetal, semelhantes a nuvens, tanto pelo seu aspeto, como pela leveza.
A viagem continua com uma paragem obrigatória no Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota, construído no local onde esta importante disputa se travou. Cá fora poderá imaginar o que estaria a acontecer no campo de batalha e até conhecer as condições do terreno e da paisagem à altura em que esta aconteceu. Já no interior, pode ter acesso a uma exposição que lhe dá a conhecer o contexto histórico e militar da batalha, complementado por um filme com uma recriação deste momento histórico.
Agora sim, estamos preparados para entrar no Mosteiro da Batalha pelo grande portal que impressiona qualquer visitante. Começamos pela Igreja, que agradece aos seus 32 metros de altura o título de mais alta de Portugal. Além disso, foi a primeira a ser construída inteiramente em pedra e os vitrais, do século XV, são aclamados como os mais antigos do país. Na primeira sala à direita encontra a Capela do Fundador, mandada construir por D. João I para albergar os túmulos de toda a família. Assim, encontramos aqui o rei ao lado de sua esposa, D. Filipa de Lencastre, e as sepulturas dos seus filhos. Segue-se o Claustro Real, também gótico, e o coração do Mosteiro, que dá acesso à Sala do Capítulo.
Tome atenção ao relógio para não perder o render da guarda, que acontece de hora a hora, em honra o Soldado Desconhecido. A visita termina num dos pontos arquitetónicos de maior importância deste Mosteiro, classificado pela Unesco em 1983: as Capelas Im- perfeitas. Conta a história que D. Duarte iniciou a empreitada ainda no primeiro ano do seu reinado, tendo falecido, contudo, durante a fase inicial de construção. Mais tarde alteradas durante o reinado de D. Manuel, as Capelas Imperfeitas apresentam, por isso, uma mistura perfeita (e única) de estilos gótico e manuelino que abraçam os túmulos de D. Duarte e da sua esposa, D. Leonor de Aragão.
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