Uma vez em Leiria, não poderá partir sem antes provar as famosas Brisas do Lis. Este doce de ovos, açúcar e amêndoa nasceu no antigo convento de Santana. A receita passou, então, de uma freira para uma devota sua amiga que era proprietária do antigo Café Colonial, encerrado em 2013. Felizmente o método de fabrico destas pérolas da doçaria conventual multiplicou-se e, hoje, pode encontrar esta iguaria em praticamente todas as pastelarias da cidade.
Se é amante de literatura portuguesa continue caminho connosco. Sabia que existem duas rotas relacionadas com a literatura em Leiria? É verdade. A Rota dos Escritores passa por vários locais da cidade, com referência a autores, como Eça de Queirós, Rodrigues Lobo, Miguel Torga ou Afonso Lopes Vieira. E se já leu “O Crime do Padre Amaro”, prepare-se para percorrer as ruas onde Eça de Queirós se inspirou para escrever o enredo da obra, na Rota do Crime do Padre Amaro. Basta deslocar-se ao Posto de Turismo de Leiria, no Jardim Luís de Camões, e partir à descoberta num percurso com cerca de uma hora e meia. É, ainda, possível testemunhar a presença judaica em Leiria, num roteiro que passa por nove ou por 15 pontos de interesse espalhados pela cidade, a Rota da Judiaria de Leiria.
Deixando Leiria para trás, seguimos pela EN 242 em direção à Marinha Grande para conhecermos o único museu em Portugal especificamente vocacionado para o estudo da arte, artesanato e indústria vidreira. O Museu do Vidro está dividido em dois espaços: o Palácio Stephens – edifício de inspiração neoclássica da segunda metade do século XVIII – dá-nos a conhecer a evolução da indústria em Portugal; e o Núcleo de Arte Contemporânea, uma moderna construção que integra a antiga Fábrica de Resinagem da Marinha Grande, onde apreciamos obras que representam cerca de 25 anos de expressão plástica contemporânea em Portugal e artigos de artistas internacionais. Podemos ainda visitar a oficina de produção e decoração de vidro protagonizada por artistas e artesãos da casa.
Embarcamos agora num dos mais icónicos troços desta viagem, a poucos passos do mar. Para lá chegarmos, atravessamos a Mata Nacional de Leiria, que ocupa cerca de 11 023 hectares. Mandada plantar por D. Afonso III, o seu crescimento foi da responsabilidade do Rei D. Dinis. Apenas dez quilómetros nos separam de São Pedro de Moel, o nosso próximo ponto de paragem, mas há muito mais para conhecer no grande pinhal, assim como várias formas de o calcorrear, desde passeios pedestres, cicloturismo ou atividades de orientação.
São Pedro de Moel é, sem grandes rodeios, uma das praias mais pitorescas do litoral português. Aproveite para ir a banhos de todo o tipo (de sol e de água, entenda-se) mas não deixe de visitar, também, o Farol do Penedo da Saudade, a um quilómetro a Norte. Do alto dos seus 33 metros a vista é magnífica. Suba a escada em caracol – as visitas são feitas às quartas-feiras, à semelhança dos vários faróis do país – e aproveite para tirar algumas das melhores fotografias desta aventura. Para o caso de não querer voltar já ao carro, saiba que existe um percurso pedestre e de bicicleta de 7,2 quilómetros entre a Marinha Grande e o Farol do Penedo da Saudade. Se o fizer a pé, conte demorar cerca de hora e meia (de bicicleta pode contar com 30 minutos de viagem). O caminho faz-se pela ciclovia que liga a cidade vidreira à praia de São Pedro de Moel, num trajeto de fácil acesso, sem inclinações e com muita sombra para os dias de maior calor.
Se um dos encantos de uma road trip é a oportunidade de tirar fotografias ao carro numa longa estrada ladeada de frondosas árvores, saiba que chegou, finalmente, o momento de preparar a câmara fotográfica. Entramos na Estrada Atlântica, que atravessa o Pinhal de Leiria pela costa, num total de 62 quilómetros, entre a Praia do Osso da Baleia, muito reconhecida pela sua qualidade ambiental, e o Sítio da Nazaré. Pelo caminho passamos por várias praias, às quais pode aceder através de passadiços de madeira. E saiba que, mesmo que não consiga ver imediatamente o mar, conseguirá ouvir claramente o som das ondas a rebentar e sentir a brisa marítima se abrir a janela do carro. Mas não é tudo: paralelamente a toda a Estrada Atlântica, existe uma ciclovia que permite a circulação de bicicletas, trotinetas, patins e skates.