Partimos do Louriçal em direção a sudeste e ao Castelo de Pombal. Edificado no século XII por Gualdim Pais, Mestre da Ordem dos Templários, guarda a memória mais antiga de Pombal e conserva uma incrível vista sobre a região. Além disso, conta com um posto de turismo no interior e, no exterior, com uma cafetaria com panorâmica impressionante.
Mergulhamos de seguida no interior da região de Leiria e desafiamos a nossa resistência pelos Trilhos de Al-Baizir. É este o nome do percurso pedestre que tem início e fim na Igreja Matriz de Alvaiázere. A aventura estende-se por pouco mais de nove quilómetros e dura cerca de três horas. A saída para o Pé da Serra faz-se por ruelas em calçada e continua pela Capela de Nossa Senhora dos Covões – permitindo aos mais corajosos uma vista privilegiada sobre a planície do campo de Alvaiázere -, terminando na Mata do Carrascal, que surpreende pela sua riqueza natural. Ao longo do percurso repare no perfume dos muitos campos de tomilho e outras plantas aromáticas. E de onde vem o nome do trilho? Reza a história que Alvaiázere deve o seu nome aos Árabes, que a batizaram de Al-Baizir.
Depois desta caminhada precisará, certamente, de repor energias. Aproveite, por isso, para provar a iguaria da região – o chícharo – que é também centro de vários certames gastronómicos durante o outono e inverno, como é caso do Festival Gastronómico do Chícharo, em Alvaiázere.
Prove esta leguminosa em sopas, migas, ou, simplemente, como acompanhamento de um bom bacalhau assado, regado com o azeite regional. Se preferir, pode levar algumas iguarias para o caminho: dos licores à doçaria, não faltam opções.
Passamos ainda por Ansião, onde encontramos um dos pontos de paragem da Rota dos Castelos e Muralhas do Mondego: o Complexo Monumental de Santiago da Guarda que inclui uma torre medieval, uma residência senhorial quinhentista e uma villa tardo-romana dos séculos IV e V.
Apenas 15 minutos nos separam de Casal de São Simão uma Aldeia de Xisto cuja dimensão reduzida a torna ainda mais especial. A fonte, a capela mais antiga do concelho, a praia fluvial de águas translúcidas… são apenas algumas das razões que tornam esta pequena aldeia num ponto de paragem obrigatória.
Para os mais novos ou simplesmente para os amantes de água, a próxima sugestão vem mesmo a calhar. A Praia Fluvial das Rocas, em Castanheira de Pêra, é ideal para passar boas horas de diversão nos meses mais quentes (só funciona de 1 de junho a 9 de setembro). O espaço de lazer tem um lago de quase um quilómetro de extensão, uma ilha no centro da praia, a maior piscina de ondas do país e até uma ponte secular. E não precisa de se limitar a dar aos braços: há barcos a remos, gaivotas, slide, escalada e até rapel. Se quiser, aproveite para pernoitar, já que existem opções de alojamento em bungalows na margem da albufeira.
Nos meses mais frios, troque a água pela peculiar Aldeia do Xisto de Santo António da Neve, onde as atenções se voltam para a capela em honra do santo que lhe dá nome. Aproveite para descobrir a história curiosa que deu origem ao nome da aldeia: antigamente, à medida que a neve ia caindo, era recolhida e despejada para dentro dos neveiros, onde se transformava em gelo. Quando chegavam os meses mais quentes, o gelo seguia para as cortes reais de Lisboa, permitindo aos nossos reis desfrutarem de gelados durante o Verão.
A hora de regressar a casa está a aproximar-se mas não sem antes perdermos a noção do tempo nalguns troços da Grande Rota do Zêzere. É verdade que pode completar toda a rota, que percorre 13 concelhos, mas também é possível completar troços mais pequenos.
Em Pedrógão Grande existem várias opções, tanto percursos pedestres como de bicicleta. O Trilho dos Romanos, por exemplo, passa por vários pontos calcorreados pelos nossos antepassados, sempre com vista priviligiada para o Cabril. Ao longo de três horas percorridas a pé, este percurso panorâmico permite um contacto próximo com a história e com a natureza. A meio terá a oportunidade de seguir até ao Penedo do Granada, local de inspiração para Luís de Camões, que é coincidente com o troço da Grande Rota do Zêzere (GRZ33). Os 2,4 quilómetros passam ainda pela Capela dos Milagres e terminam na Ponte Filipina, construída no século XVII e envolta numa paisagem de rara beleza.
Se preferir conhecer a história e património cultural da vila, pode ainda apostar no Trilho do Património, com três quilómetros que se fazem no mesmo número de horas (três, portanto). Partimos, então, do Centro de Interpretação Turística e reparamos no silêncio que contrasta com a agitação da vida à qual teremos de voltar no final desta aventura. Pelo caminho pare nos vários monumentos de grande valor patrimonial: a Igreja Matriz, a Igreja da Misericórdia, o Museu de Arte Sacra, a Casa Museu Comendador Manuel Nunes Corrêa e, claro, a Torre do Relógio, no ponto mais alto da vila.