Para muitos a Serra da Estrela é sinónimo de neve, de desportos de inverno ou de serões passados junto à lareira, saboreando tranquilamente os produtos típicos da região. Mas esta tão especial tem muito mais para mostrar e pode ser também uma aula viva sobre a história de um dos seus produtos mais tradicionais: a lã.
As tradições centenárias mantiveram-se até aos dias de hoje, isto apesar da evolução tecnológica iniciada no século XIX.
Por caminhos de pastores
A Rota da Lã permite revisitar os caminhos percorridos desde tempos remotos pelos pastores e mercadores da Serra da Estrela. Estes percursos, que já são referidos em documentos do século XII, ligavam a serra a localidades do lado de lá da fronteira. E quando surgiram as primeiras fábricas de lanifícios, eram feitos entre Malpartida de Cáceres, onde ser adquiria a lã merina espanhola, e a Covilhã, onde esta lã era vendida às fábricas da região.
Começando no lado espanhol da fronteira, a rota parte do Lavadero de Lanas de los Barruecos, em Malpartida de Cáceres, onde se situa o Museu Vostell-Malpartida. Este era um local de tosquia de rebanhos e de lavagens de lã, sendo também um ponto onde se adquiria matéria-prima para as indústrias portuguesas. Daqui, os comerciantes seguiam pelas planícies da Extremadura espanhola, atravessando depois Idanha, Penamacor e Fundão, até chegarem à Covilhã. É nesta cidade, no espaço da Antiga Real Fábrica dos Panos (atual Museu de Lanifício), que a rota termina. Ou pode ser este o ponto de partida para uma nova descoberta.
A Rota da Lã permitiu identificar mais de 300 unidades fabris e cerca de 100 caminhos de transumância, bem como bebedouros, tanques, espaços pecuários e abrigos sazonais. No Museu dos Lanifícios encontrará informação, mapas e desdobráveis que lhe permitirão ir ao encontro destes marcos históricos, percorrendo as rotas tantas vezes calcorreadas.