A história destas paisagens únicas aponta para a última glaciação e para fenómenos geológicos anteriores. O facto de ser um acontecimento anterior à mais antiga ocupação humana conhecida do território desperta a curiosidade e apela à imaginação.

Nessa era remota, o local que hoje conhecemos como Serra da Estrela era uma enorme e compacta placa de gelo, que cobria o planalto onde hoje em dia está a Torre. Esta cúpula de gelo teria uma superfície de cerca de 70 Km2 e uma espessura de 80 metros.

Com o aumento das temperaturas, essas neves perpétuas começaram lentamente a derreter e, à medida que deslizavam pelas encostas, arrastaram grandes blocos de granito, que foram esculpindo a paisagem e formando vales. Esta verdadeira obra de arte feita pela Natureza pode ser observada ainda hoje: vales em forma de U e um planalto glaciário formado por rocha, com lagos, charcos ou prados húmidos.

A Rota dos Vales Glaciares da Serra da Estrela permite explorar este cenário digno de uma grande produção cinematográfica, passando nos mesmos trilhos que, há milhares de anos, o gelo percorreu ao derreter.

Neste seu caminho, o gelo desenhou cinco vales, todos de uma beleza extraordinária. O Vale Glaciário do Zêzere, em Manteigas, tem uma extensão de cerca de 13 quilómetros, através de encostas íngremes, pontuadas por enormes rochas de granito e tendo como pano de fundo o vale o rio Zêzere. Passeie a pé entre pastos, fragas e habitações tipicamente serranas, explorando locais magníficos como a Nave de Santo António, o Vale da Candeeira, o Cântaro Magro ou o Covão de Ametade, que é um vestígio de uma antiga lagoa glaciar.

Por caminhos e vales

O Vale de Alforfa, na Covilhã, impressiona pelos blocos de rochas gigantescas, enquanto o Vale da Loriga, em Seia, deslumbra pelo contraste entre a altura das escarpas e a profundidade dos covões. Covão da Areia, Garganta de Loriga, Penha do Gato e Penha dos Abutres parecem nomes retirados de antigas fábulas, mas são lugares reais que prometem superar todas as expetativas.

O Covão Grande está localizado num ponto mais alto e permite passeios a pé pela Nave Travessa ou pelas margens da Lagoa Comprida. O Covão do Urso também pode ser percorrido a pé, num percurso com cerca de três quilómetros repleto de vegetação e ideal para desfrutar da tranquilidade proporcionada pela Natureza.

Numa região de encontros singulares, recue na história até aos tempos primitivos e encante-se por uma natureza que o vai deslumbrar.