Quando falamos em praia, lembramo-nos imediatamente de várias e conhecidas praias que salpicam alegremente o litoral do Centro de Portugal. Umas mais cosmopolitas e aristocráticas, outras mais animadas, pitorescas, selvagens ou sossegadas.

Mas hoje, é a Nazaré que nos acolhe e nos diz o que lá comer!

Praia de banhos desde meados de 1800, a Nazaré é um dos primeiros e mais conhecidos cartazes turísticos de praias de pescadores do país. Deslumbra-nos o colorido dos barcos e dos chapéus de sol alinhados no seu areal, o rodopiar incessante das sete saias debaixo de um garrido avental, o renascer da antiga faina da arte xávega e a venda do pescado dos seus bravos pescadores.

Entusiasma-nos a subida íngreme ao Sítio pelo ascensor mecânico inaugurado em 1889, para servir os interesses da população e facilitar a chegada dos peregrinos ao Santuário de Nossa Senhora da Nazaré. E despertam-nos as correrias no areal, o cheiro a iodo, o calor do sol na pele, os pregões, a animação e as águas revigorantes, ora mais calmas, ora gigantes cujo poder nos assusta, mas desejamos admirar e aplaudir.

Devido ao fenómeno geológico do Canhão da Nazaré, o maior da Europa, com 227 quilómetros de comprimento e 5 mil metros de profundidade, que produz de outubro a março, ondas gigantes, a Praia do Norte da Nazaré é detentora de recordes mundiais das maiores ondas surfadas no Mundo. A Nazaré é tudo isto e muito mais, mas em termos de procura e reconhecimento, a sua gastronomia não lhe fica atrás.

Já lhe cheira a sardinhas assadas ou a uma deliciosa caldeirada?

A gastronomia de um lugar conta-nos muito sobre a sua história e identidade cultural. Os seus pratos típicos, a forma como são cozinhados e o tempo que se lhes dedica, definem a sua importância e tornam-se fundamental para conhecer a sua essência, valorizando a sua história como povo e como comunidade. O Oeste não é exceção.

Daqui chegam-nos as célebres caldeiradas e o fresquíssimo peixe de Peniche, enguias e amêijoas da Lagoa de Óbidos e os mariscos dos viveiros de Porto de Barcas, onde, de entre outras iguarias, a lagosta suada, é um manjar único.

Influência da cultura conventual, as trouxas, as lampreias de ovos e as cavacas das Caldas da Rainha, os pastéis de feijão de Torres Vedras ou os pães de Ló do Landal, Painho e Alfeizerão complementam os sabores da doçaria conventual de Alcobaça. A “Pêra Rocha do Oeste” e a “Maçã de Alcobaça” são ex-líbris da região que alcançaram certificação e prestígio internacional.

O Oeste é uma das maiores regiões vinícolas de Portugal e do Mundo, destacando-se os seus vinhos encorpados e aromáticos. A região distingue-se também pela produção DOC dos “Vinhos Leves”, de mais baixo teor alcoólico e pela existência, única no país, da Denominação de Origem Controlada de Aguardente Vínica da Lourinhã.

A Nazaré é também um dos concelhos do Oeste e, como já o dissemos, é da Nazaré que hoje aqui vamos falar! Das suas cores, dos seus cheiros e dos sabores do seu mar.

Teresa Almeida
Teresa Almeida (Atleta Profissional de Bodyboard, Campeã Mundial em 2014) na Nazaré

A gastronomia nazarena expressa de forma dominante a sua cultura marítima. A riqueza destas águas que, de forma anciã, traduzem os costumes que foram sendo transmitidos de geração em geração, constitui um bem essencial a esta terra que tão bem conserva a memória do seu povo e da sua identidade.

O que comer na Nazaré é a pergunta que se impõe. Vamos conhecer um pouco mais das suas tradições gastronómicas porque “o apetite nasce à mesa”. Escolha já a sua e…bom apetite!

# Caldeirada à moda da Nazaré

Escolher uma ementa para uma região com uma tradição tão intrínseca ao mar, não é tarefa fácil. A diversidade e a qualidade são únicas! De tão típica e genuína que é, a Nazaré reflete a sua personalidade vibrante através dos pratos que se orgulha em apresentar. A tradicional caldeirada também traduz muito sobre a cultura e a identidade de gentes cheia de tradição e de amor em tudo o que se dedicam.

A caldeirada nazarena faz-se com pelo menos três diferentes tipos de peixe. Antigamente, em épocas mais difíceis, cozinhava-se com peixes mais modestos e mais comuns, como o safio ou o robalo. Hoje, à mesa dos restaurantes, este prato tão tradicional e rico, junta peixes como o cherne, o cação ou o tamboril.

São também escolhidos com todo o rigor a raia, o congro, as lulas, a sardinha e outros peixes, bem como, amêijoas, aos quais se juntam a cebola, o alho, as batatas, pimento vermelho e verde, tomate maduro, azeite, salsa, sal, vinho branco, coentros, colorau, louro e malagueta.

De fazer crescer água na boca!

Caldeirada à moda da Nazaré


# Peixe fresco grelhado

Os peixes frescos grelhados como é o caso do carapau, do robalo, do sargo e do linguado, comidos à beira-mar, têm outro sabor. A sardinha é a rainha da mesa. Apanhados na costa, são excelentes escolhas para quem visita esta vila piscatória. Para acompanhar, não irão faltar batatas cozidas ou a murro, e uma salada bem temperada, tudo regado com o saboroso azeite da região.

Simplesmente irresistível!

Marisco


# Marisco fresco

Qualquer altura é boa altura para saborear o marisco fresco da Nazaré. À hora de almoço, as feijoadas de camarão e as açordas ou o arroz de marisco chamam a nossa atenção. Mas à tarde ou quando o dia avança até a luz dourada do sol poente abraçar toda a paisagem do areal da praia, do casario, das ruas e das esplanadas que se acendem para receber com ar festivo a animada noite nazarena, a alegria volta à mesa.

Com torradas de bom pão caseiro da região, é de comer e chorar por mais!

Marisco


# Cataplana de Peixe e Marisco

Já dissemos que “o apetite nasce à mesa”. Na Nazaré nasce muito antes porque são intensamente odoríficos os aromas fumegantes que pairam no ar. As cataplanas que aqui são cozinhadas deixam o seu odor fluir por entre as ruas e ruelas tradicionais desta vila piscatória. O peixe, de várias qualidades, é sempre de excelente qualidade. As amêijoas, os mexilhões e o camarão, sempre frescos, são o marisco mais utilizado para enriquecer este prato.

Sabe como preparar uma deliciosa cataplana? Não conseguimos revelar-lhe os segredos nazarenos, mas tente a sua sorte.

Vá à ao Mercado Municipal da Nazaré. Escolha aproximadamente um kilo de três tipos diferentes de peixe fresco: tamboril, cação e raia, por exemplo. Corte-o em pedaços e tempere-o com sal e pimenta. Coloque azeite na base da cataplana, 2 cebolas cortadas em rodelas, 3 ou 4 alhos alhos esmagados, 1 piri-piri ou colorau, 3 a 4 folhas de louro. Por cima, acrescente um pimento verde e um vermelho, e três tomates bem madurinhos, tudo cortado às rodelas. Tempere com sal, pimenta, um ramo de salsa e disponha por cima o peixe. Regue tudo com azeite, umas nozes de manteiga e leve ao lume. Junte 2 copos de vinho branco da região e meio copo de água. Deixe cozinhar 15 a 20 minutos em lume médio- brando. Passado este tempo, junte as amêijoas, o mexelhão e o camarão e deixe cozinhar mais uns 5 ou 10 minutos.

Uma delícia!

Cataplana de Peixe

# Peixe no forno

Fiel às suas origens, os nazarenos recebem visitantes dos quatro cantos do mundo que vêm conhecer as suas famosas ondas, os seus peculiares monumentos, a sua lenda, um areal sem igual e a sua gastronomia inconfundível. Esta não é uma gastronomia qualquer, é uma escolha que assenta no melhor peixe que vem da costa Oeste do Centro de Portugal.

Como tal, o peixe no forno é uma das iguarias procuradas nas ementas dos restaurantes locais. Os carapaus abertos, o robalo e o polvo assados no forno, servidos com uma tradicional batatinha e umas migas divinais, fazem parte dos suculentos menus nazarenos.


# Peixe Seco

Na areia, perto da Marginal, há pescadores a preparar as redes. Sobre estacas estão os “paneiros”, onde as mulheres vão pondo a secar, alinhando e virando o carapau.

A tradição de secar o peixe ao sol nasceu da necessidade de preservar algum peixe para dias de escassez. Hoje, poderá descobrir as memórias piscatórias divididas em três núcleos: o estendal de secagem do peixe; o Centro Interpretativo, onde se descobrem as técnicas e as estórias de barcos de outros tempos e homens corajosos; e a zona de preparação do pescado onde, ainda hoje, o peixe é preparado para o processo de secagem.

Dependendo das condições climatéricas, encontram-se todos os dias, peixeiras a vender peixe seco. Esta é pois, outra das iguarias que poderá ser aqui degustada: o famoso e muito procurado carapau seco.

Carapau Seco Nazaré
Carapau Seco


Vamos a doces?

Como acontece em todo o território português, a doçaria típica é muito procurada na Nazaré. A sua proximidade com as Terras de Cister que ali fazem fronteira, trouxe alguma influência conventual à doçaria nazarena.

No que respeita a doçaria tradicional, sugerimos que experimente uma Sardinha Doce, folhado coberto e recheado com creme de ovos. Os Támares, pequenos bolinhos em forma de barco também eles recheados com doce de ovo, tal como os Foquins e os Nazarenos são uma delícia. Acompanhados de um saboroso e afamado Licor de Óbidos, é uma experiência sensorial memorável.

Sardinhas Doces Nazaré
Sardinhas Doces da Nazaré

É assim a Nazaré. Um dos mais apetecíveis destinos de lazer, de sol e praia, de surf e body-board, com uma cultura própria e peculiar. Os sabores que o seu mar azul pela manhã, prateado pela tarde, mas sempre carregado de iodo, nos dá, são inconfundíveis. Regados por elegantes vinhos regionais, fazem os encantos dos visitantes.

Nazaré. Seja bem recebido e impecavelmente servido. Bom apetite!

Artigo em constante atualização. Envie os seus contributos ou sugestões para comunicacao@turismodocentro.pt